O Universo e os espíritos – De Stonehenge a Einstein.
Todas as religiões se baseiam em espíritos. Num continente afastado da civilização por mais de 40.000 anos, como as tribos da América do Norte, esse sentimento da existência de espíritos estava também presente. Faziam suas orações a Manitu, o Grande Espírito. Como atravessaram da Ásia para as Américas há cerca de 42.000 anos atrás, é mais do que provável que tenham levado essa noção espiritual consigo quando passaram pelo Estreito de Behring. Em todos os livros da civilização ocidental se podia ler até há bem pouco tempo atrás, que “com nosso espírito aprendemos”. Na Idade Média muita gente foi para a fogueira porque “falava” com os espíritos – uma aparente contradição, porque para a Igreja Católica, Deus é um espírito – e nas civilizações orientais, os deuses e os humanos também têm espírito.
Stonehenge é produto do povo Celta, que, como sabemos, sempre esteve voltado para o “divino”, as artes, os espíritos da floresta.
Parece que toda a humanidade acreditamos na existência de espíritos. Eu também, por fé. Creio que até a formação deste e de outros universos se deve a uma intervenção do Espírito Divino pela miríade de leis que o regem, tão estritas, tão bem delineadas que interagem entre si, que, buscar uma casualidade como explicação demonstraria uma completa ignorância de uma das principais leis deste Universo: a das Probabilidades. Seria impossível que tantas leis “ocasionais” se juntassem para fazer este e outros universos. Mas, assim como a existência de Deus e de sua essência demonstra divergências de sociedade para sociedade, com muitos cismas ao longo da história, também no espiritismo se questiona a real função do espírito e de suas manifestações. Acreditar para pertencer a um grupo, uma filosofia, uma religião, e adquirir pela adesão dos seus benefícios, pode até ser normal como hábito social, mas não justifica a razão. Crianças ensinadas desde pequenas na religião dos pais é como “fazer a cabeça”, moldar a mente para a aceitação irracional. Fosse Deus adepto do “mérito próprio”, ou seja, o mérito de aceitar porque se está convencido de forma racional, e poucos de nós teríamos tais méritos: Somos ensinados como qualquer animal doméstico a termos um comportamento e uma religiosidade dos quais raramente nos podemos livrar por hábitos e tradições adquiridas desde a tenra idade.
De forma racional, longe de demonstrações e outros sinais que possam ser confundidos com “mágica”, até pelos mais jovens, que sinais temos da existência do espírito, que todas as sociedades, de modo geral, aceitam?
Nos primórdios da civilização
Mesmo antes de Stonehenge, na idade da pedra lascada, desde cerca de 2.000.000 de anos atrás até cerca de 10.000 anos AC, nossos ancestrais enterravam seus mortos em posição quase fetal, com suas armas e utensílios que utilizavam, e, fato curioso, flores. Sem dúvida que acreditavam em algo “sobrenatural” que permaneceria no entorno do grupo a que haviam pertencido os mortos, mas de forma “imaterial”, talvez num mundo paralelo, ou de mais fácil compreensão, o “espírito” dos mortos manteriam uma “presença” benéfica aos remanescentes. Por isso os enterravam nas próprias cavernas ou em suas imediações. Os ”espíritos” viveriam no ‘além “, um mundo desconhecido, mas uma coisa era certa: era o mesmo espírito que havia habitado o corpo do defunto que não morria. O espírito deveria ser eterno e” protegeria “os remanescentes. É fácil depreender que, assim como o grupo tinha um chefe nesta vida, lá no além deveria haver um chefe maior, o chefe dos espíritos que lhes dava o” alento “, a vida tal como a conheciam. Estavam chegando, ou haviam chegado, à definição, ainda que rudimentar da” essência “de Deus, e, aparentemente, havia pelo menos dois: O que movimentava o Sol todos os dias e todos os anos, e o que apagava o Sol durante os eclipses.Um era bom, outro era ruim. Suas orações e oferendas tanto podem ter sido dirigidas ao Deus bom para repor o sol, como ao Deus ruim para que deixasse voltar o Sol.
Stonehenge é da idade do bronze, mas construída com pedras e madeira, e foi começada a construir cerca de 3.100 AC, com uma vala circular com 97,34 metros de diâmetro, com uma única entrada. Internamente havia um banco de pedras e uma construção de madeira. O circulo estava alinhado com o por do Sol do último dia de Inverno e com as fases da Lua. Cinqüenta e seis furos externos continham cinzas de corpos humanos cremados. A construção continuou e em cerca de 1.250 AC (novecentos anos depois, veja-se a persistência e a convicção desse povo), foi realocada a construção de madeira no interior, erigidos dois círculos com pedras azuladas. O externo com 35 pedras que pesavam toneladas, sendo que quatro delas pesam quatro toneladas cada e foram trazidas de Gales, a 42 km de distância. Construíram uma avenida alinhada com o sol nascente no primeiro dia de Verão. Em 2075 AC resolveram por lá fazer nova reforma: Derrubaram as pedras (monólitos) azuis e ergueram pedras enormes, agora com cerca de 25 toneladas cada, transportadas do Norte por 18 km. Um esforço muito maior. Precisavam que isso fosse feito. Entre 1.500 e 1.100 AC, resolveram restaurar 60 das pedras azuis. Juntaram essas 60 a mais 19 e, dentro do círculo interno, as dispuseram em forma de ferradura. A partir de 1.100 parece que a estrutura deixou de ser utilizada. Todos os dias 21 de junho, de todos os anos, o Sol nasce sobre a pedra principal em Stonehenge, exata e precisamente. Perto dali existem as ruínas de uma aldeia neolítica, que existiu ativamente entre 2.600 e 2.500 AC: A aldeia de Durrington, situada em Durrington Walls, no Condado de Salisbury, onde foi encontrada uma réplica de Stonehenge construída com madeira.
Tudo isto não é coincidência, mas uma decorrência da observação da natureza comparada com forças e fatos inexplicáveis por esta originados, de forma repetitiva, ao longo dos anos. Parece claro que para os habitantes e construtores de Stonehenge havia um espírito superior que regia os dois mundos (o real e o espiritual) e os espíritos particulares, dos seres humanos, cada um com as suas características bem definidas, evidentemente em função da imagem e do comportamento em vida. Da observação do comportamento humano surgiria mais tarde Sigmund Freud para dar aos seres humanos o conforto de se sentirem protegidos, capazes, importantes, confortáveis, fortes, tal como nossos ancestrais se devem ter sentido em Stonehenge, há cerca de 5.000 anos atrás.
De Stonehenge ao advento de Giordano Bruno.
Qual a inteligência e a consciência que existe na matéria do Universo que a faz transformar-se de energia em matéria, e esta se distribuir em galáxias, estrelas, planetas, cometas, preenchendo espaços, destruindo-se para formar novas estrelas, novos planetas, sempre em transformação? Não será isto um tipo de “inteligência” que ainda não detectamos? O Universo em si, mesmo sem a vida tal como a conhecemos, já demonstra, por si só, ter uma inteligência incomparável. Se não fossemos tão inteligentes, poderíamos ter visto há muito tempo atrás, que seria o Universo a ter o título de Rá – como os egípcios num continente ou os Incas em outro, ambos sem comunicação entre si – E não o Sol como estes pensaram. Que entidade ou Deus teria imprimido no Universo, e, por exemplo, que a massa da matéria se transforma em energia numa quantidade equivalente á sua massa multiplicada pela velocidade da luz multiplicada por si mesma? Hoje podemos fazer-nos estas perguntas, mas no tempo da construção de Stonehenge não. Podiam fazer-se perguntas mais simples. O sol era o responsável pela luz e calor e sempre ocupava a mesma posição quando o tempo começava mudar trazendo-lhes o Inverno ou o Verão. Gelos no Inverno e frutas, culturas, vida, no verão. Assim como para carregar uma pedra até Stonehenge era necessário realizar um trabalho usando a força humana, assim também para mover aquela coisa lá em cima, brilhante, que tinha tanto calor que lá de longe conseguia chegar à Terra, seria necessário que “alguém” fizesse esse trabalho todos os dias todos os anos... Só um Deus poderia realizar tal façanha. Mas onde estaria esse Deus invisível? Sabiam que existia, não o podiam ver ou ouvir. Seria um espírito que poderia até estar vendo o que faziam, poderiam ser julgados por seu comportamento. Teriam que fazer-lhe sacrifícios para acalmá-lo, torcer-lhe a vontade para que lhes mandasse invernos amenos, verões normais, comida, alegria, tranqüilidade. Construíram Stonehenge e lhe oraram orações e fizeram sacrifícios. Deus continuou dando-lhes invernos intermitentemente entre terríveis e até amenos, Verões quentes a ponto de queimar culturas, outros normais, mas eles não repararam que Deus não atuava em função de suas orações. Quando tudo era normal, diziam que Deus lhes tinha sido fiel. Um dia chegaram os normandos e invadiram a ilha. Os normandos pensavam de modo diferente.
Poderia a religião ser uma mera função da forma de pensar de uma nação, um grupo étnico? E algum desses grupos pode ter a religião mais certa? Ou Deus é ainda mais diferente do que todos nós pensamos, em qualquer lugar do planeta?
Mas é-nos confortável ir aos templos, encontrar tantos pensando como nós, acreditando num Deus – e o mesmo deus comum pode ser entendido de forma muito diferente de etnia para etnia - todos formando uma comunidade maior que, pelo número, pela quantidade de fiéis, nos sentimos seguros, confortáveis, importantes, com uma função específica, construtora, na Terra.
Foi assim que apareceram religiões por toda a face da Terra como se Deus tivesse imprimido ao Universo, dentre tantas leis, uma em especial: Deus existe num outro mundo diferente deste, intangível, um mundo de espíritos, para o qual poderemos ter acesso em função de nosso comportamento. Grupos assim, coesos numa forma de pensar, têm tido sucesso ao longo da História, mas por pouco tempo relativo. As religiões não duram mais do que quatro a cinco mil anos. Depois apagam-se porque o prometido pelos videntes e sacerdotes, os quais alegam que Deus lhes teria feito tais promessas, não se materializam, não acontecem. É como se “aquele” seu Deus estivesse ausente, fosse inconsistente ou nunca tivesse existido. A humanidade reza mas não consegue mudar-se a si mesma nem o mundo que a rodeia, para aniquilar com os seus problemas fundamentais de existência. Então joga fora os deuses e buscam outros novos.
Quando iremos encontrar Deus, o verdadeiro, aquele que seja comum a todo a humanidade, a todos os povos? Onde estará?
Um dia apareceu na Terra um sujeito chamado Giordano Bruno, dizendo e demonstrando que a Terra é um planeta que tal como tantos outros num universo infinito, gira em torno de um Sol, uma estrela, e não estas que giram em torno de planetas. Foi mandado para a fogueira pela Igreja Católica que também lidava com os espíritos – O Espírito Santo é um deles - sem saber realmente qual o espírito do universo, ou o espírito dos espíritos. Parece que Deus não fala com sacerdotes ou não são apenas estes que entendem laivos da inteligência divina. Deus tem outra linguagem que teimamos em não reconhecer. Basta olhar à nossa volta e entender qual a sua linguagem.
Entre Stonehenge e Giordano Bruno haviam decorrido cerca de 4.700 anos. O que se aprendera sobre Deus e os espíritos, com tantas religiões espalhadas pelo mundo, todas elas com um deus espiritual?
A partir dos estudos de Hendrik Lorentz e Henri Poincaré.
Henri Poincaré e Hendrik Antoon Lorentz revolucionaram o mundo da física. Em 1895 Lorentz introduziu um conceito novo, para resolver um outro problema: A concepção de “tempo local”. Isto foi em 1904. No ano seguinte, Albert Einstein publicava a sua teoria especial da Relatividade. Lorentz ganhou um prêmio Nobel e vários outros prêmios, através de seus estudos que já desenvolvia desde 1878. Henri Poincaré desde 1881 desenvolvia seus estudos e se juntou a Lorentz sobre a relatividade. Por essa época, Sigmund Freud já expunha ao mundo as suas teorias sobre a mente humana, e é neste cenário de relatividade e mente humana que vive Alan Kardec (1804 – 1869), o fundador do movimento espírita. Estudiosos modernos do Espiritismo já buscam na Física Quântica novos rumos para o espiritismo, que, ou se reforçará, ou sofrerá cismas. Parece que religião e ciência estão intimamente unidas, e, por mais que sacerdotes o possam negar, são frutos do mesmo “espírito”.
Independentemente de dizermos que esta ou aquela religião estão mais perto do entendimento de Deus, que progressos fizemos para encontrar esse entendimento, se as religiões se fecham hermeticamente em torno de conceitos, associados intimamente à ciência, e dos quais não abrem mão, lendo sempre os mesmos livros sagrados como se estivéssemos vivendo ainda aqueles tempos de ignorância natural? Não será natural que as religiões evoluam na medida em que o conhecimento evolui? Não constatamos que as “verdades” apostas aos livros – interpretando ou não ao “pé da letra”, estão ficando ultrapassadas?
Porém, desde Stonehenge até esta data e ainda mais além, os cientistas foram perseguidos pela Igreja Católica, e no mundo muçulmano a ciência se calou, sofrendo atraso milenar: A ciência descobria a linguagem de Deus, mas os chefes religiosos não evoluíram para entender e julgam que a ciência contesta as palavras divinas. O problema é que as palavras não eram de Deus. Eram de videntes. As provas estão por todos os lados, em muitas das suras, em muitos dos versículos.
Da matéria ao espírito, visto a um microscópio especial, veríamos na medida em que fossemos aprofundando a análise, que uma célula, como, por exemplo, um ovo, é constituído de pequenos órgãos, e que todo ele é composto de moléculas. Cada molécula composta de átomos. Cada átomo de prótons, nêutrons e elétrons, e todos estes, compostos de quarks. Einstein nem sabia da existência dos Quarks, embora se desconfiasse que algo, ainda material, deveria compor estes elementos que os compõem. Higgs, nas últimas décadas, provou que sim, todos os elétrons, prótons e nêutrons são compostos de pequenas partículas, a fronteira entre a energia e a matéria, chamados de partículas de Higgs. Era tão difícil comprovar a sua existência, que lhe chegaram a chamar popularmente “partícula do diabo”, mas por questão de lógica, mudaram-lhe o nome para “partícula de Deus”, por estarem presentes na formação de tudo o que conhecemos. Será esta a última fronteira entre matéria e espírito?
Passando ao campo dos espíritos, nossa fé nos faz ver coisas que podem ou não existir. Fazem parte do mundo da fé, da fé com ou sem razão. Porém, se o campo aberto pela partícula de Deus puder explicar o “espírito”, nova corrente aparecerá nos próximos anos em todas as religiões do mundo. Não há uma só que até hoje explique Deus, ou sua essência, ou o que realmente quer de nós, se até o Sol já está programado para começar a apagar-se em cerca de mais quatro bilhões de anos, e terminar como uma estrela anã branca em mais sete bilhões, depois de ter engolido os planetas Mercúrio, Vênus e Terra, se sem poder mais manter a vida no Sistema Solar.
Passando ao campo dos espíritos, nossa fé nos faz ver coisas que podem ou não existir. Fazem parte do mundo da fé, da fé com ou sem razão. Porém, se o campo aberto pela partícula de Deus puder explicar o “espírito”, nova corrente aparecerá nos próximos anos em todas as religiões do mundo. Não há uma só que até hoje explique Deus, ou sua essência, ou o que realmente quer de nós, se até o Sol já está programado para começar a apagar-se em cerca de mais quatro bilhões de anos, e terminar como uma estrela anã branca em mais sete bilhões, depois de ter engolido os planetas Mercúrio, Vênus e Terra, se sem poder mais manter a vida no Sistema Solar.
Temos que encontrar Deus, a salvação, antes, muito antes dos próximos quatro bilhões de anos, e parece que somente conseguiremos isso se todas as religiões esquecerem as divergências e se unirem para agregar entendimento e cooperação entre os povos. Não há nenhuma “melhor” do que a outra.Deus existe, sim, o espírito também, mas não são, ainda, como pensamos que sejam.
A humanidade agradece que continuemos pensando, estudando, descobrindo.
Rui Rodrigues
A humanidade agradece que continuemos pensando, estudando, descobrindo.
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