A Ameaça Alienígena, um relatório Secreto dos Objetivos e os planos dos Alienígenas. Livro de David M. Jacobs.
Tenho
recebido milhares de telefonemas e cartas de pessoas que têm lembranças
de experiências fora do comum e são grandemente perturbadas por elas.
Durante anos, elas tentaram, em vão, descobrir a origem dessas memórias.
Elas pensam que eu posso ajudá-las.
É
claro que o fato de uma pessoa ter experienciado eventos fora do comum
não significa que ele ou ela seja necessariamente um(a) abduzido(a).
Desenvolvi um processo de triagem para eliminar aquelas pessoas que não
apresentam seriedade em seus propósitos (elas podem estar meramente
seguindo um palpite), as que não estão emocionalmente preparadas para
examinar suas experiências, e as que, na minha opinião, não tiveram
experiências sugerindo que sejam abduzidas.
Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
A Ameaça Alienígena – Relatório Secreto, Objetivo e os planos dos Alienígenas. Livro de David M. Jacobs.
Capítulo III – Sombras da Mente
Primeiro,
eu as submeto propositadamente a uma série de testes. Exijo que elas
preencham um questionário sobre as experiências que as impeliram a
aparecer, e sobre outras que não perceberam que poderiam ser parte do
fenômeno de abdução (por exemplo: ”Você já viu um fantasma?”). Peço-lhes
que me enviem o questionário e me telefonem mais tarde. Analiso o
questionário e decido se suas experiências são bastante significativas
para justificar uma investigação
mais profunda sob hipnose. Quando falo com elas novamente, tento
persuadi-las a não examinar o que pode ser uma caixa de Pandora.
Advirto-as
severamente sobre os perigos que envolvem prosseguir com a hipnose e
descobrir um evento de abdução: elas podem ficar deprimidas, ter
perturbações de sono, sentir-se emocionalmente isoladas e assim por
diante. De fato, elas poderiam estar trocando um grupo de problemas por
outro. Insisto em que falem sobre sua decisão com pessoas que lhes
são próximas e depois me telefonem. Então, mando-lhes um panfleto que
reitera minhas advertências a fim de que tomem a decisão com pleno
conhecimento.
Cerca de
30 por cento das pessoas que me procuram decidem, nesse ponto, não se
submeter à hipnose. Essa é a decisão mais correta para elas, não
importando suas razões. Se decidem prosseguir no processo, faço-lhes
outra advertência verbal sobre os perigos potenciais e, no caso de ainda
quererem, marcamos uma data para a sessão. Quando chegam para a
primeira sessão de regressão
hipnótica, já tivemos várias conversas e elas estão conscientes dos
problemas que podem resultar das regressões. Também estão conscientes de
que as lembranças podem não ser exatas nem verdadeiras.
Quando
finalmente chegam a minha casa, subimos as escadas para o meu escritório
no terceiro andar e conversamos por uma ou duas horas antes de começar a
sessão de hipnose. Concordamos sobre qual evento de suas vidas
desejamos investigar durante a sessão. Pode ser, por exemplo, um período
de tempo que se perdeu, ou um incidente no qual acordaram para
encontrar homenzinhos em pé, ao lado de sua cama. Elas então se deitam
em meu sofá e fecham os olhos, e eu começo um relaxamento induzido que
lhes permite concentrar-se e enfocar. Na primeira sessão, elas
ficam freqüentemente confusas, pois não atingiram ainda uma “terra
de sonhos”, ou porque se sentem quase em estado normal. Elas observam
que podem discutir comigo, levantar-se para ir ao banheiro e fazer o que
quiserem.
Nunca sei o
que vai resultar de uma sessão de hipnose. Se o hipnotizado se lembra
de uma experiência de abdução – e ocorrem ”alarmes falsos”, quando
parece que pode ter ocorrido uma abdução mas não ocorreu -, eu começo a
fazer uma série de perguntas cautelosas, geralmente como se fosse uma
conversa informal, a partir do que eles estão dizendo. Alguns abduzidos
contam suas experiências friamente, como se estivessem olhando o
passado; outros liberam suas memórias como se estas estivessem acontecendo naquele momento.
Alguns se
mantêm calmos com relação ao que lhes está acontecendo, outros ficam tão
assustados que se torna difícil continuar, embora eu tente confortá-los
durante a experiência. Alguns se lembram aos saltos, como se as
memórias chegassem aos pedaços. Outros têm dificuldade em expressar
as lembranças que lhes chegam em catadupas como numa inundação. Quase
todos os abduzidos recordam suas experiências num misto de espanto,
surpresa e familiaridade. Quando terminam, eles se lembram do que lhes
aconteceu e conversamos por uma ou duas horas. Quando os abduzidos
deixam meu escritório, já se passaram cerca de cinco horas.
Mesmo com
minhas advertências e as discussões preliminares, cerca de 25 por cento
desistem nesse ponto – estão muito assustados para prosseguir. Para os
que prosseguem, eu conduzo tantas sessões de hipnose quanto possível.
Eles desejam desesperadamente compreender o que houve e como
isso influenciou suas vidas. Já conduzi até trinta e três sessões com
uma pessoa, embora a média para os 110 abduzidos com quem trabalhei seja
de seis sessões. Geralmente, evito investigar duas vezes o mesmo
evento. Meu estilo de indagação não é interrogatório. Realizo um toma-lá
dá- cá com os abduzidos, quando percebo que eles não se deixarão levar,
mesmo inadvertidamente.
Eu os
forço a pensar com cuidado sobre os fatos. Tento dar-Ihes perspectiva e a
habilidade de analisar à medida que se lembram. Sobretudo, tento
“normalizar” as lembranças, de modo que possam se liberar dos grilhões
dos efeitos inconscientes e psicológicos da abdução, a fim de que
prosseguir em suas vidas sem o pensamento fixo em sua situação. Gosto
de conduzi-Ios a um ponto em que não precisem mais da hipnose para
compreender o que lhes está sucedendo. A hipnose não é fácil. Desde que
uma pessoa queira ser hipnotizada, qualquer um pode praticá-la. A coisa
se complica no momento de formular as perguntas certas no tempo certo
e interpretar as respostas.
A dinâmica
ideal entre aquele que hipnotiza e o abduzido depende do grau de
conhecimento do fenômeno de abdução por parte de quem hipnotiza, sua
experiência com a hipnose e os pressupostos de seu objetivo. Além disso,
o hipnotizador deve ajudar o
abduzido a enfrentar as memórias, por vezes traumáticas, intervindo
terapeuticamente durante a sessão para dar-lhe segurança. Assim, um
hipnotizador/pesquisador deve ter um conhecimento profissional de
hipnotismo, um conhecimento efetivo do fenômeno de abdução, uma
familiaridade com as fabulações mais comuns e falsas memórias, e
habilidade terapêutica. Infelizmente, há poucas pessoas com estas qualificações.
Todos os
pesquisadores competentes aprendem rapidamente que a memória é
inconfiável. Não é fora do comum a pessoa lembrar-se de um acontecimento
traumático de forma imprecisa. Os pesquisadores têm demonstrado que
podem fazer com que algumas pessoas se lembrem de alguma coisa que nunca
aconteceu. Uma discussão casual, mas calculada, de um evento pode
inculcar “memórias” sem base na
realidade. E também com o passar do tempo as lembranças se degradam, os
acontecimentos se misturam e a fantasia invade a realidade. Fui
extremamente afortunado por ter encontrado memórias confiáveis desde a primeira vez que conduzi uma sessão de hipnose.
Melissa
Bucknell, de 27 anos, uma empregada de agência imobiliária, combinou
comigo, antes da sessão, investigar um incidente que ocorrera quando
tinha seis anos. Ela começou descrevendo um jogo com um amigo, num
campo. Ela se abaixou para ver uma borboleta, imobilizou-se naquela
posição, e sentiu-se flutuar em direção a um óvni. Seres de aparência
estranha removeram suas roupas e a colocaram sobre uma mesa. Eles
realizaram exames médicos e, para seu constrangimento, também realizaram
procedimentos ginecológicos. Depois do exame, um aIienígena com a
aparência mais humana, a quem ela chama de Sanda, conduziu-a para uma
sala onde ela encontrou um pequeno ser.
Melissa
foi forçada a tocar a cabeça do pequeno ser e imediatamente sentiu amor,
calor e afeto emanando dele. Então, Sanda levou-a para outra sala, onde
ela encontrou um conselho, de vários aIienígenas sentados, em torno de
uma mesa. Os aIienígenas comentaram o quanto Melissa era boa, forte
e brilhante e disseram que ela conservaria as mesmas qualidades quando
adulta. Depois disso ela foi levada da sala, suas roupas lhe foram
devolvidas e ela foi levada de volta ao campo onde estava antes. Mais
tarde naquela noite, escutei a fita da sessão. Horrorizado, descobri que
Melissa havia falado tão baixo que meu microfone perdera grande parte
do que ela dissera. A fita não gravara quase nada.
Continuando
a trabalhar com Melissa, três meses mais tarde sugeri que
recapitulássemos nossa primeira sessão de regressão, explicando-lhe que
tivera um problema com o gravador. Desta vez, Melissa estava menos
segura do que acontecera. Ela disse que voara para dentro do óvni.
Lembrava-se da parte ginecológica de seu exame, que mais uma vez estava
constrangida para narrar. Ela contou como os seres a levantaram da mesa,
a vestiram de novo e a levaram de volta ao campo. Mas, para
minha surpresa, ela não relatou o encontro na sala com o
pequeno alienígena cinzento, cuja cabeça tocara e cujo amor sentira.
O encontro com os alienígenas em torno à mesa também foi omitido. Eu
estava perplexo. Na primeira vez, Melissa falara do pequeno alienígena
com grande emoção e convicção. Agora, quando lhe perguntei sobre o
encontro, ela nem tinha certeza se havia acontecido.
Então,
perguntei sobre o encontro com o conselho de pequenos alienígenas.
Melissa pensou por um segundo e disse que talvez isso tivesse acontecido
com outra abduzida, que era sua amiga. Ela tinha certeza de que não
acontecera com ela. A experiência me ensinou uma lição valiosa porque
percebi que, com toda a sinceridade
e honestidade, os abduzidos podem, às vezes, lembrar-se de coisas que
não são verdadeiras. Resolvi trabalhar com uma metodologia estrita que
vigiasse a ocorrência de falsas memórias. À medida que minha pesquisa
prosseguia e um abduzido relatava alguma coisa que eu não tinha ouvido
antes, eu esperava a confirmação por outro abduzido que não conhecesse
o testemunho. Passei a questionar cuidadosamente cada inconsistência, lacuna ou salto lógico.
Passei a
procurar uma cronologia completa e tentar obter um relato segundo a
segundo de cada evento de abdução, sem saltos, lacunas ou
omissões. Nunca tive nem ouvi falar de outro relato de abdução no qual
a abduzida tivesse sido forçada a tocar na cabeça de um alienígena para
receber emoções amorosas. Ouvi relatos de aIienígenas sentados numa
“escrivaninha” e que falam com a abduzida, mas as circunstâncias eram
muito diferentes das do relato de Melissa. Além disso, Melissa nunca
mais se lembrou de um evento parecido durante as suas mais de trinta
sessões de abdução.
Tudo
isso sugere que ela pode ter absorvido inconscientemente algum fragmento
de memória de sua amiga abduzida e tê-Io confundido com os detalhes de
sua própria história. Melissa me fizera um tremendo favor. Ela me
ensinara sobre os perigos do testemunho hipnoticamente lembrado. Foi uma
lição que aprendi com gratidão, lição que todos os hipnotizadores de
abduções e pesquisadores devem aprender.
Memória de eventos normais
A memória
normal não é bem compreendida. Os neurologistas sabem que o cérebro
humano registra eventos e lhes dá um código de “prioridade”. Por
exemplo, a lembrança de um crime testemunhado recebe uma prioridade
superior ao passante que atravessa uma rua. O cérebro então organiza o
material de acordo com o impacto sensorial. Ele primeiro coloca os
componentes visuais, auditivos, olfativos e tácteis na memória a curto
prazo e então, se os demais componentes são importantes, os armazena em miríades de neurônios que constituem a memória de longo prazo.
O cérebro
tem um sistema de recordação para lembrar de vários modos: pensando
sobre o evento; relacionando com outro evento para despertar a memória;
ou ligando a memória a uma visão, um som, um cheiro ou um toque para
facilitar a lembrança. A memória pode também residir no consciente de
cada um, sem o mecanismo especial de lembrança, como nos casos de
eventos traumáticos difíceis de esquecer.
A memória
não é armazenada linearmente. Ela é armazenada num banco de dados
“relacional”, no qual vários fragmentos de memória são colocados em
vários “escaninhos” neurológicos. A data e a hora de um evento são
armazenados num escaninho, o lugar em outro, os sons associados com o
evento em outro, a cor e os cheiros ainda em outro escaninho, os
sentimentos em outros e assim por diante. Cada um desses fragmentos de
memória pode ser esquecido. Cada um pode se degradar e distorcer.
Às vezes
uma pessoa se lembra de um fragmento de memória que só faz sentido se
criar inconscientemente um cenário, mesmo que esse cenário
seja fictício, para incorporá-lo. Em face das complexidades da memória, é
de esperar que muitos críticos do fenômeno de abdução argumentem que as
abduções são apenas truques que a memória fabrica para as pessoas. Eles
se referem à síndrome de falsa memória, às memórias anteparo e
à ”contaminação” pela mídia, para explicar os relatos de abdução. Eles
também atacam o uso da hipnose para lembrar os eventos, sob o argumento
que isso também pode suscitar memórias falsas.
São válidas suas objeções?
A síndrome
de falsas memórias Os críticos do fenômeno de abdução acusam os
abduzidos, freqüentemente encorajados por pesquisadores, de criarem,
mesmo sem saber, fantasias de abdução. Que as pessoas têm
falsas memórias é fora de dúvida. Em dadas circunstâncias, elas
podem, por exemplo, inventar histórias complexas de abuso físico e
sexual. As falsas memórias de abuso ocorrem quando as pessoas se lembram
de eventos, geralmente da infância, que não aconteceram. Entretanto, os
detalhes que as vítimas relatam podem ser extraordinários. Elas contam
essas experiências com o impacto emocional de eventos reais. Alguns se
lembram de cultos satânicos que os aterrorizaram e até mataram bebês em
rituais de sacrifícios humanos.
Quando as
“vítimas” são confrontadas com os fatos (os investigadores não
encontraram bebês mortos; não há bebês dados por desaparecidos na época e
lugar dos casos de abusos rituais), elas fornecem explicações
revoltadas – como dizer que as próprias mães eram satanistas que
entregaram seus bebês para os rituais e não denunciaram a sua falta. As
pessoas podem criar falsas memórias com tanta convicção e sinceridade,
que conseguem enganar alguns investigadores. O descobrimento de
falsas memórias de abusos sexuais pode também causar grandes transtornos
emocionais na vida das pessoas. Famílias podem ser dilaceradas, filhos
afastados, ações judiciais podem ser propostas, e pessoas inocentes são
acusadas e até mesmo presas injustamente.
A
descoberta de falsas memórias é geralmente facilitada por um terapeuta
que está convencido de que seu cliente foi abusado sexualmente (ou
qualquer outro abuso referido pelas falsas memórias), mesmo que o
cliente não tenha delas nenhuma lembrança. Por meio de persuasão
insistente, o terapeuta inculca no cliente a ideia de que todos os seus
problemas emocionais provêm da
repressão de lembrança de algum trauma antigo. O terapeuta pode dizer ao
cliente que, se pensar profundamente, ele se lembrará do evento
traumático. A cura só pode começar, diz o terapeuta, se as lembranças
começarem a surgir. O fato de não se lembrar significa que a vítima está
reprimindo-o e a própria repressão torna-se ”prova” do abuso. Presa
neste redemoinho, a vítima de um terapeuta honesto mas incompetente dificilmente conseguirá evitar o pior.
Finalmente,
como no caso bem divulgado de Paul Ingram e suas filhas, os sujeitos
“lembram-se” do abuso. Existem especialistas pesquisadores da síndrome
de falsas memórias que têm uma longa experiência com alegações de
abuso sexual e podem desmascarar falsas memórias. Entretanto, eles
começaram a ampliar sua especialidade para áreas nas quais,
desafortunadamente, não são competentes. O fenômeno de abdução tem se
tornado um alvo irresistível. Por exemplo, o psicólogo e especialista em
hipnose Michael Yapko escreve, em seu livro Sugestões de abuso, que o
fenômeno de abdução é simplesmente uma questão de “fenômeno da
sugestionabilidade humana”, que lhe causa “irritação e incredulidade.”
A
psicóloga e especialista em memória Elizabeth Loftus, em seu livro O
mito da memória reprimida, trata as abduções como atos de
irracionalidade realizados por “pessoas que de outros modos são
saudáveis e inteligentes”. Ela cita as afirmativas do psicólogo Michael
Nash, que “tratou com sucesso” um homem que afirmava que lhe haviam
tirado uma amostra de esperma durante uma abdução. Usando a hipnose e
outras práticas terapêuticas, Nash acalmou o homem e o ajudou a retornar
à sua rotina diária normal, mas, lamenta Nash: “Ele saiu do meu
consultório tão plenamente convencido de que havia sido abduzido quanto
quando entrou.” Loftus concorda com Nash de que o poder das
falsas memórias desse homem fez com que ele continuasse a acreditar em sua história ridícula.
Loftus e
Nash, juntamente com outros críticos, estão errados. Nem eles nem outros
críticos jamais apresentaram provas de que os relatos de abdução são o
produto da síndrome de falsas memórias (ou, de qualquer modo, outro
motivo para as experiências sofridas pelos abduzidos). A razão pela qual
eles não apresentaram essas provas reside na circunstância de não
entenderem o fenômeno de abdução. Se assim não fosse, eles perceberiam
que os relatos de abdução se diferenciam da síndrome de falsas memórias em cinco pontos.
- Em contraste com as vítimas da síndrome de falsas memórias, os abduzidos não relatam apenas experiências da infância. Eles se lembram, é claro, de eventos de abdução ocorridos na infância, pois o fenômeno de abdução começa na infância, mas também se recordam de eventos de abdução ocorridos na idade adulta. De fato, muitos relatos de abdução, diversamente dos relatos de falsas memórias, são relativos a fatos bem recentes. Das últimas 450 abduções que investiguei, cerca de 30 por cento ocorreram nos últimos 30 dias do relato e 50 por cento no último ano. Também investiguei eventos de abdução que me foram relatados algumas horas ou alguns minutos depois de sua ocorrência. Em 1991, por exemplo, Jason Howard, um professor de escola primária, dirigia-se para um encontro de apoio a abduzidos em minha casa. Ele colocou os sapatos, que guarda junto à porta da frente de sua casa. É a última coisa que ele faz antes de sair de casa. Subitamente, já se haviam passado quatro horas e Jason estava em seu quarto no andar superior. Ele me telefonou imediatamente dizendo que se lembrava vagamente de ter calçado os sapatos e depois deitado no sofá. Quando conduzi uma sessão de hipnose sobre esse evento, Jason lembrou-se de ter calçado um sapato e ter tido uma vontade irresistivel de se deitar no sofá. Lembrou-se de que os seres pequenos apareceram em sua sala e o flutuaram através do teto, diretamente para o interior de um óvni que estava esperando. Seguiram-se uma série de procedimentos, incluindo coleta de esperma e seqüências de visões. Os alienígenas o trouxeram de volta à sua casa, mas em vez de o colocarem no sofá, onde ele estava no começo da abdução, colocaram-no em sua cama no quarto de dormir do andar superior. Quando ele recobrou a consciência, percebeu que alguma coisa acontecera e me telefonou. O relato imediato desse evento não se enquadra na síndrome de falsas memórias.
- Em contraste com as vítimas da síndrome de falsas memórias, os abduzidos têm corroboração indireta dos eventos. Eu estava ao telefone com Kay Summers, cuja experiência de abdução começou enquanto estávamos falando. Ela descreveu um barulho descomunal, às vezes associado com o início de uma abdução, e eu também ouvi o barulho ao telefone. A hipnose revelou, mais tarde, que logo depois que desligou o telefone ela foi abduzida. As falsas memórias não tomam forma simultaneamente à ocorrência de eventos atuais, durante os quais um pesquisador é um corroborador indireto.
- Em contraste com as vítimas da síndrome de falsas memórias, os abduzidos freqüentemente se lembram de eventos sem a ajuda do terapeuta. Eles podem se lembrar de eventos que aconteceram em momentos específicos de suas vidas. Eles sabem que determinado evento ocorreu e não precisam da terapia para recuperar suas memórias.
- Em contraste com as vítimas da síndrome de falsas memórias, os abduzidos desaparecem fisicamente durante o evento. O abduzido não está nos lugares habituais; as pessoas o procuram e não acham. O abduzido geralmente tem consciência de uma lacuna de duas ou três horas que nem ele nem ninguém sabe explicar. Essa corroboração física não ocorre na síndrome de falsas memórias.
- Em contraste com as vítimas da síndrome de falsas memórias, os abduzidos podem fornecer confirmação independente da abdução. Aproximadamente 20 por cento das abduções incluem duas ou mais pessoas que se vêem durante o evento de abdução. Às vezes eles relatam isso ao investigador.
Além
disso, é importante notar que, diversamente das vítimas da síndrome de
falsas memórias, os abduzidos não experimentam as perturbações de sua
vida pessoal depois que tomam consciência de sua situação. De fato,
muitas vezes ocorre justamente o contrário. Quando os abduzidos se
submetem à hipnose competente e compreendem a natureza de suas memórias,
freqüentemente começam a ter
controle intelectual e emocional dessas memórias. Eles se sentem mais
confiantes à medida que percebem que seus pensamentos e temores
inexplicáveis durante anos (por exemplo, medo de ir para o quarto à
noite, lembranças de estar deitado numa mesa de uma sala estranha
cercado de criaturas e se assustar diante de exames médicos) eram
reações apropriadas a estímulos poderosos e desconhecidos. Rememorando
os eventos, os abduzidos controlam os temores que os atormentavam
durante anos e colocam suas vidas em ordem, embora saibam que o
fenômeno de abdução não irá terminar. O conhecimento do fenômeno
de abdução os ajuda a levar uma vida mais “integrada”, em vez
de sofrerem dos poderosos efeitos perturbadores tão comuns às vítimas da
síndrome de falsas memórias.
Memórias anteparo de abusos sexuais
Antes que a
síndrome de falsas memórias se tornasse importante, os terapeutas
presumiam que os relatos de abdução se deviam a memórias reprimidas e
abusos sexuais na infância. Eles postulavam que como o abuso era tão
traumático, a vítima inconscientemente transformava o abuso em relatos
de abdução. Para enfrentar o terror, a pessoa vivia com o trauma mais
“aceitável” de ser abduzida por alienígenas.
Não há
provas para essa explicação. Não existem notícias de que um relato de
abdução seja “memória anteparo” de abuso sexual. De fato, ocorre o
contrário. Há provas de que as pessoas que se ”lembram’ de terem sido
sexualmente abusadas foram, na realidade, vítimas do fenômeno de
abdução. Jack Thrernstrom se lembra de estar andando com sua irmã
num quintal cercado atrás de sua casa quando tinha doze anos. Durante a
caminhada, Jack viu um homem com “óculos escuros” que abusou sexualmente
dele. Jack não precisou os detalhes, mas se lembra de que retiraram
suas roupas e expuseram seus órgãos genitais. Ele não tem certeza do que
aconteceu a sua irmã, mas pensa que talvez ela tenha fugido. Ele nunca
relatou o evento a ninguém, e durante os dezoito anos seguintes viveu com a memória traumática de que teria sido abusado sexualmente por um estranho.
Quando Jack rememorou o episódio numa sessão de hipnose, o homem de óculos escuros (MIB)
resultou ser um alienígena, e o incidente não passava de um evento de
abdução rotineiro, no qual Jack passou por um exame médico. Ele não
havia sofrido abuso sexual. Jack criara uma ”memória” de fragmentos do
evento que, horrível como deveria ter sido, fazia mais sentido para ele
como sendo um abuso sexual. Em outro caso, “Julie” se lembrava de um
evento ocorrido quando tinha dez anos. Ela estava em casa no bar do
porão com seu pai e três vizinhos. Julie tem lembrança do seu pai
segurando suas mãos sobre a sua cabeça enquanto os vizinhos a
violentavam sexualmente.
Numa
regressão hipnótica essa mulher revelou que isso havia sido um evento de
abdução que começara quando ela estava no bar do porão com seu pai e
seus amigos. O pai e dois dos vizinhos foram imobilizados e colocados em
estado semiconsciente (“desligados”), durante o evento. Os alienígenas
levaram a ela e um vizinho, o Sr. Sylvester, do porão para um óvni.
Durante o evento de abdução, ela
passou por visões de contato sexual entre um homem e uma mulher (ela
pensa que o homem seria talvez o Sr. Sylvester). Quando o episódio
terminou, os alienígenas a levaram de volta para o bar, juntamente com o
vizinho. Ela não foi sexualmente violada naquela ocasião. O Sr.
Sylvester, que ela detestou durante anos, resultou ser tanto vítima
quanto ela.
Obviamente,
nem todos os casos de abuso sexual são eventos de abdução. Uma abduzida
lembra-se de ter sido violada sexualmente quando tinha treze anos. Ela
não se lembra de como desceu as escadas até o quarto de seu assaltante
sexual, também adolescente, e estava confusa sobre outros detalhes.
Suspeitando que isso poderia ser uma memória anteparo de uma abdução,
ela o estudou sob hipnose. Ela se lembrou do rapaz, de como desceu as
escadas, do que aconteceu no quarto e do que aconteceu depois. Ela não
se lembrou de ter visto alienígenas, ter sido transportada para fora da
casa ou ter estado a bordo de um óvni. Ela foi violada sexualmente e não
abduzida.
Contaminação pela mídia
O seriado
de televisão e os filmes Jornada nas Estrelas, em essência, tornaram-se
parte da consciência americana. Milhões de pessoas viram essas
narrativas fictícias de humanos e alienígenas, do mesmo modo que muitas
pessoas viram relatos de abdução na televisão ou leram livros a
respeito. A sociedade tem sido tão inundada com histórias sobre abdução
por alienígenas que se tornou difícil para a maioria das pessoas escapar
delas. Um relato de abdução “puro” está ficando cada vez mais difícil
de obter. O problema da influência da mídia acerca dos óvnis e dos
relatos de abdução têm empestado os pesquisadores de óvnis. No correr
dos anos, os investigadores aprenderam a julgar cada aparição de
óvni pelos seus próprios méritos, desenvolvendo uma metodologia
para ”separar o joio do trigo”.
A
credibilidade de uma testemunha, a qualidade da informação e os relatos
corroborativos de outras testemunhas têm sido o critério na avaliação da
validade de um relato. Os pesquisadores agora aplicam esse processo aos
relatos de abdução. A contaminação da mídia representa um problema para
a pesquisa de abdução? Não. Embora ocorra de tempos em tempos, de fato
a maioria dos abduzidos são
extremamente sensíveis aos perigos das influências culturais. Quando
eles examinam suas memórias comigo, estão profundamente conscientes da
possibilidade de que talvez tenham “pescado” um incidente e o tenham
incorporado em sua narrativa. Nas primeiras sessões de hipnose, a
auto-censura é tão forte que se torna um problema. As pessoas não querem
dizer alguma coisa que dê a impressão de que são loucas e não desejam
papaguear alguma coisa que tenha sido colhida na sociedade.
Elas estão
tão preocupadas com essa contaminação que muito freqüentemente tenho de
insistir em que verbalizem suas memórias e não as censurem. Quando os
abduzidos me dizem o que eles lembram, suas narrativas em geral têm uma
riqueza de detalhes que não poderia provir da contaminação da mídia. A
mídia em geral dissemina muito pouca informação sólida sobre abduções.
Que os abduzidos se lembrem e descrevam aspectos específicos dos
procedimentos - detalhes que muitos
abduzidos descrevem mas que nunca foram publicados – é extraordinário e
milita fortemente contra as influências culturais. Um bom exemplo de
ausência de contaminação da mídia é o livro, altamente controvertido, de
Whidey Strieber, Comunhão, em 1987. Esse livro ficou na lista dos
bestsellers do New York Times durante trinta e duas semanas e no
primeiro lugar por quase cinco meses.
Whidey Strieber
conta detalhes de suas experiências que não coincidem com o que diz a
maioria dos abduzidos. Ele fala de ter sido transportado para uma
ante-sala suja onde se sentou num banco, em meio a um grande barulho.
Essa passagem altamente evocativa de seu livro foi tão impressionante
quanto aterradora. Se a contaminação da mídia fosse um problema, seria
de esperar que alguns dos abduzidos com quem trabalhei e que leram
Comunhão descrevessem uma situação semelhante. Isso não ocorreu.
Nenhum deles jamais disse ter se sentado numa sala suja ou cheia de
roupa velha. Similarmente, o filme de Strieber, Comunhão, visto
por milhões de pessoas, tem uma cena em que aparece um grupo
de alienígenas azuis e gorduchos dançando. Nem eu nem meus colegas
jamais tivemos um relato similar.
Apesar da
aparente ausência de contaminação da mídia, todos os pesquisadores
devem adotar uma atitude vigilante a respeito. É possível que
não reconheçamos a contaminação da mídia se a pessoa incorporar apenas
um pouco dela em sua narrativa, tornando-a parte e suas “memórias”.
Eventos conscientemente lembrados
Se os
relatos de abdução não são parte de uma síndrome de influências sutis e
insidiosas no cérebro da pessoa, dizem os críticos do fenômeno, os
abduzidos deveriam poder lembrar-se conscientemente de suas
experiências, bem como fornecer informações precisas aos investigadores.
De fato, os abduzidos lembram-se
conscientemente das abduções – às vezes fragmentos, às vezes seqüências
longas e em algumas ocasiões até o evento completo. Muitas vezes esses
relatos são precisos e detalhados e se enquadram de perto com os
recuperados sob hipnose. Entretanto, com freqüência as memórias
conscientemente lembradas são fortemente deturpadas, com detalhes
torcidos de eventos verdadeiros e memórias “concretas” de eventos que
não aconteceram. As memórias conscientemente lembradas podem ser um
amálgama de fragmentos de uma abdução recriada numa seqüência lógica que
não reflete a realidade.
Um
excelente exemplo é o caso de Marian Maguire, uma mulher de sessenta
anos com duas filhas adultas que acordou numa manhã de 1992 e
conscientemente se lembrou de uma situação, acontecida anos antes, na
qual se encontrava com a filha durante uma abdução. Ela lembrou-se de
que estava segurando a mão da filha e, juntamente com outras pessoas, de
ter sido “presa” à parede com um aparelho especial. Isso foi tudo do
que se lembrou conscientemente, mas ela tinha certeza de que o evento
ocorrera exatamente do modo como se lembrava. Eu nunca ouvira dizer que
abduzidos fossem presos a uma parede. Algumas semanas mais tarde, Marian
e eu exploramos o assunto numa sessão de hipnose.
Durante a
regressão hipnótica, Marian teve dificuldade em se lembrar de ter andado
até a parede, ter sido presa ali e depois ter sido solta. À medida que
eu insistia, ela se tornava insegura sobre o que realmente havia
acontecido. Ela percebeu que a
parede continha pequenos quadrados negros. Enquanto Marian olhava para
eles, eu perguntei o que ela enxergava abaixo. Eu esperava que ela
mencionasse a parede ou o assoalho. Em vez disso ela disse “mãos
engraçadas”. As mãos continuavam nos punhos, os punhos nos braços e
assim por diante. Então, ela percebeu que estava encarando os olhos
negros do alienígena. Ela não
estava presa numa parede. Estava de pé numa sala com suas filhas e um
alienígena se aproximou dela e olhou fixamente bem de perto em seus
olhos.
Com o
tempo, os olhos negros se transformaram em “grilhões” numa “parede” e a
sua incapacidade de evitá-Ias se transformou na idéia de estar
“presa” neles. Durante a hipnose, os grilhões se transformaram
em ”quadrados”. Apesar de haver uma base real para a lembrança
de Marian, os detalhes de que ela se lembrava conscientemente
não aconteceram. Outro exemplo é o de Janet Morgan, mãe solteira com
dois filhos que se lembrava conscientemente de uma experiência bizarra
de abdução. Ela estava deitada sobre uma mesa, quando viu
dois alienígenas lutando para trazer um jacaré vivo à sala.
Eles colocaram o animal no chão ao lado da mesa, deitado de costas,
e então, com uma faca, fizeram uma incisão, do tipo que em autópsia se
chama mentopubiana, abrindo o seu corpo de alto a baixo.
O coitado
do jacaré gemia e olhava para Janet. Essa lembrança traumática lançou-a
numa longa depressão. De início, ela não desejava rememorar o evento
hipnoticamente, pois temia que isso trouxesse de volta certos detalhes
que iriam aprofundar ainda mais a sua depressão. Depois de passar um ano
acabrunhada com o incidente, Janet decidiu corajosamente encarar a
lembrança para conseguir controlá-la emocionalmente. Sob hipnose, a
lembrança de Janet resultou ser parte de um complexo evento de abdução
no qual os alienígenas realizaram nela muitos procedimentos diferentes.
Eles fizeram um exame médico, recolheram um óvulo, forçaram-na a
mergulhar numa piscina de líquido e realizaram uma varredura mental que
lhe causou muito pavor. Então Janet encontrou-se sozinha numa sala,
deitada numa mesa, tremendo de medo.
Os
alienígenas entraram pela esquerda de Janet, puxando um jacaré que
colocaram no chão ao lado da mesa onde Janet se encontrava. Observando o
animal, Janet começou a perceber que ele não se parecia tanto com um
jacaré; ela não via a cabeça e as patas do jacaré. De fato, tratava-se
de um homem dentro de um saco de dormir verde. Quando os
alienígenas abriram o zíper do saco, o homem olhou para Janet e gemeu.
Nunca houve jacaré. Os alienígenas não cortaram a sua barriga. Algumas
das memórias conscientemente lembradas mais comuns são dos primeiros e
últimos segundos de uma abdução, quando a pessoa ainda está em seu
ambiente normal. Os abduzidos muitas vezes se lembram de acordar e ver
vultos de pé ao lado da cama. Mas, em vez de se lembrar de alienígenas,
recordam-se de amigos ou parentes falecidos ou figuras religiosas.
Lily
Martinson, por exemplo, uma corretora de imóveis, lembra-se do seguinte
incidente, quando estava de férias com sua mãe nas Ilhas Virgens, em
1987.
Adormecida em seu quarto de hotel, ela
acordou e viu seu irmão falecido, de pé ao lado de sua cama; ela se
lembrava perfeitamente de suas feições e achou a sua presença segura e
confortadora. Quando examinamos a lembrança sob hipnose, entretanto,
a descrição que Lily fez do irmão foi a de uma pessoa sem
roupas, pequeno, magro, sem pêlos e com grandes olhos. Não era
seu irmão. Embora tenha ficado desapontada por não ter visto seu irmão,
ela ficou satisfeita em saber a verdade. De fato, os alienígenas
criaram, talvez involuntariamente, um obstáculo singular para esconder a
verdade dos eventos. É a questão das “memórias inculcadas” – imagens
que os alienígenas colocam propositadamente nas mentes dos abduzidos.
Durante os procedimentos de visualização, os alienígenas podem mostrar aos abduzidos
um grande número de imagens: explosões atômicas, meteoros chocando-se
contra a Terra, o mundo partindo-se em dois, degradação ambiental,
desastre ecológico, pessoas mortas encharcadas de sangue e espalhadas
pelo chão, e sobreviventes pedindo socorro ao abduzido. Ou os
alienígenas podem criar imagens de Jesus, Maria ou outros santos. Essas
imagens têm o efeito de serem tão nítidas que os abduzidos pensam que
os eventos “realmente” ocorreram,
ou que eles “realmente viram” as figuras religiosas. Isso pode
constituir um problema, principalmente se o investigador não está
familiarizado com os procedimentos de visualização e deixa de
identificar as memórias inculcadas.
Assim, Bety
Andreasson, no livro pioneiro de Ray Fowler, O caso Andreasson, relata
uma situação na qual “viu” um pássaro semelhante a uma fênix renascendo
das cinzas. Ele era “real” para ela, que o relatou como uma ocorrência
verdadeira. Já vi pessoas que se lembravam de figuras que se pareciam
com Abrahan Lincoln usando uma cartola, homens de chapéu-coco, anjos,
demônios e assim por diante.
Memórias lembradas durante a hipnose
A
confiabilidade das memórias lembradas durante a hipnose depende não do
hipnotizado, mas do hipnotizador. Usada erroneamente, a hipnose pode
levar à confusão, fabulação, canalização e falsas memórias.
Infelizmente, há um grande uso impróprio de hipnose na pesquisa de
abdução. E, quando o evento de
abdução é recuperado por um pesquisador que tem pouca experiência ou
pouco treinamento nas técnicas de hipnose, tanto ele quanto o abduzido
podem facilmente se iludir e acreditar que as coisas que aconteceram na
abdução realmente se passaram.
Sugestionando a testemunha
Os céticos
do fenômeno de abdução muitas vezes acusam os pesquisadores que usam a
hipnose de “sugestionar” as pessoas para que acreditem que foram
abduzidas. Dizem os críticos que há fatores culturais e psicológicos que
forçam as pessoas a procurar um hipnotizador, que tem interesse
emocional ou intelectual em que a pessoa seja realmente uma abduzida. E,
mediante: sugestões sutis e interrogatório direto, a pessoa “lembra-se”
de um relato de abdução
inteiramente inventado. A “sugestão” é um sério problema na pesquisa de
abdução, mas não da forma como os críticos afirmam. Quando pesquisadores
ou hipnotizadores inexperientes escutam a história contada
pelo abduzido, eles muitas vezes não distinguem as
fantasias dissociadas, confabulações e falsas memórias, ou
memórias inculcadas pelos alienígenas. O resultado é que a pessoa faz
o hipnotizador ingênuo acreditar num cenário de abdução que, de
fato, não ocorreu.
Esse tipo
de sugestão, ao contrário, é mais bem exemplificada por uma situação
hipotética. Suponhamos que um abduzido me procure para falar de suas
alegadas experiências de abdução, e sob hipnose me conte que esteve a
bordo de um óvni, se sentou no chão com alienígenas e jogou uma partida
semelhante ao Monopólio, mas cujos nomes de ruas eram realmente
estranhos. Se eu lhe fizer uma pergunta sobre nomes de rua, corro o
perigo de cair numa sugestão ao contrário. Em meus mais de onze anos de
investigação de abduções, nunca ouvi falar de alguém jogar partidas com
os alienígenas e tenho de me assegurar que aquele evento
realmente ocorreu como descrito, antes de me aprofundar no assunto.
Como sei
que as pessoas poderão, às vezes, fabular, especialmente durante a
primeira sessão de hipnose, eu imediatamente suspeitaria nesse caso que
se trata de uma fabulação – embora tenha de lembrar que é sempre
possível que os alienígenas tenham jogado uma partida de Monopólio com o
abduzido. Eu prosseguiria com minhas perguntas para determinar se isso
realmente ocorreu. Eu procuraria contradições e inconsistências,
examinando o incidente sob diferentes perspectivas temporais,
perguntando coisas que aconteceram antes e depois. Pediria ao abduzido
que descrevesse a seqüência de eventos segundo a segundo procurando por
pequenas incoerências na narrativa. Perguntaria se os alienígenas
estavam sentados ou em pé, precisamente para onde eles estavam olhando e
exatamente para o que eles estavam olhando.
Em outras
palavras, procuraria pelos procedimentos de visualização dos alienígenas
que poderiam ter inculcado essa imagem na mente do abduzido,
fazendo com que ele pensasse que havia jogado uma partida com
os alienígenas quando isso não ocorreu. Se o abduzido mostrasse
inconsistência nas suas respostas, eu encararia o incidente com
ceticismo. Se ele mantivesse sua história, eu pelo menos consideraria a
matéria como “pendente” e esperaria por uma confirmação independente do
caso, por parte de outro abduzido. Em
contraste com a metodologia que delineei, o hipnotizador ingênuo, sem
saber que estava sendo sugestionado, ouviria a história do jogo de
Monopólio e perguntaria: “Quais os nomes das ruas?”
Essa
pergunta indica sutilmente a aceitação por parte do hipnotizador, o que
serve para reforçar o material fabulado como ”real” para o abduzido.
Essa validação estimula o abduzido para mais fabulação. Uma forma
inconsciente e inocente ocorre, e o abduzido começa a se “lembrar” de
mais eventos que está só imaginando. (Esse estado mental é semelhante à
“canalização”, na qual a pessoa, num estado auto-alterado de
consciência, acredita que está recebendo comunicações de um espírito ou
entidade invisível que responde a perguntas ou aconselha com sabedoria.)
O abduzido inconscientemente conduziu o hipnotizador e o hipnotizador
reciprocamente validou o abduzido. Os dois se juntam em confirmações
mútuas, fabricando uma narrativa, que pode ter um grão de verdade, mas contém preponderantemente fantasia.
Fantasias mutuamente confirmadas
O
exercício da pesquisa de abdução é excepcionalmente difícil - não
somente por causa da natureza do material e de como ele é recolhido, mas
porque o reconhecimento e as compensações desse trabalho praticamente
não existem. Em vez disso, o ridículo e o menosprezo constituem as
maiores “honras”. Acredito que quem coloca sua reputação em risco e se
aventura nessa área merece os aplausos de todos os que dão valor à
procura da verdade. Apesar disso,
até os pesquisadores mais importantes às vezes caem em algumas
armadilhas como as fantasias mutuamente confirmadas. John Mack,
professor de psiquiatria da Universidade de Harvard e pesquisador de
abdução, fornece um bom exemplo de fantasias mutuamente confirmadas.
Crítico social conhecido nacionalmente e ganhador do prêmio Pulitzer,
Mack ficou fascinado com o fenômeno de abdução em 1990, depois que
assistiu a uma palestra de Budd Hopkins. Mack rapidamente reconheceu que
o fenômeno de abdução não era uma criação mental e portanto possuía
uma realidade externa.
Corajosamente,
ele iniciou um exame completo do fenômeno, em detrimento de sua
carreira em Harvard e do escárnio de seus colegas. No livro Abdução,
Mack relata uma sessão de hipnose que conduziu com “Catherine”, na qual
os alienígenas alegadamente mostraram a ela imagens, numa tela, de um
cervo, um prado, desertos e outras ”vistas naturais”. Depois ela viu
pinturas num túmulo egípcio e teve a impressão de que estava se vendo
numa vida passada. Então, eles mostraram a ela um quadro de pinturas com
a tinta descascando. “Então mudou para mim, eu estava pintando
o quadro.” Mas naquela encarnação ela era um homem, e enquanto via a
cena disse: “Isso faz sentido para mim… isso não é um truque.
Isso é
informação útil. Isso não são eles trazendo bobagem como tudo o mais.”
Catherine sentia agora que sua insistência no intercâmbio de informações
se afirmara. Então, pedi a Catherine que falasse mais sobre essa sua
imagem como um pintor num túmulo de uma pirâmide egípcia. Em resposta
à minha pergunta, ela forneceu uma grande quantidade de informações…
sobre o homem e seus métodos, e o seu ambiente. O que me impressionou
foi o fato de… ela não estar tendo uma fantasia sobre o pintor. Em vez
disso, ela era ele e podia “ver coisas totalmente do seu ponto de vista,
e não como alguém que estivesse observando de fora”.
Catherine
prosseguiu para “lembrar” muitos detalhes da vida e da pintura egípcia.
Mais tarde, na sessão, ela disse a Mack que um alienígena lhe perguntara
se compreendia o sentido da cena egípcia. Ela então percebeu que “tudo
estava relacionado”, canyons, desertos e florestas. “Uma coisa não pode
existir sem a outra e eles estavam me mostrando uma vida passada para
que eu visse que estava relacionada com aquilo, e estava relacionada com
todas essas outras coisas.” Catherine também se convenceu de que estava
relacionada com os alienígenas. Resistir a eles significava que estaria
lutando contra si mesma, e, portanto, não havia razão de lutar. Mack
não apenas aceita a validade desse “diálogo” como também a interpretação
dada por Catherine. Em vez de tratar todo o episódio com extrema
cautela e ceticismo, ele não questiona sua aceitação de uma vida
passada, sua impressão de relacionamento, sua impressão de que um pedido anterior de intercâmbio de informações teve resposta afirmativa e sua decisão de não resistir.
Catherine
também disse a Mack que “eles estavam tentando me dominar pelo medo e
por isso me assustaram tanto, porque eu ficaria saturada e superaria
esta fase para iniciar coisas mais importantes”. Mais uma vez, Mack
aceita a conversação sem vacilar e pede-lhe que “explique melhor como,
assustando-a mais ainda, faria com que ela superasse o medo”. Essa
pergunta solicita informações fora
do objetivo de seu testemunho. Assim, Catherine contou a Mack os
detalhes de como isso funcionava. A narrativa de Catherine continha uma
vida passada, um “diálogo”, tentativas alienígenas de ajudar a abduzida,
uma mensagem ambiental e desenvolvimento pessoal. Para um hábil
hipnotizador de abduções, cada aspecto dessa narrativa seria suspeito.
Catherine poderia facilmente ter caído num estado dissociado no qual encarava
suas fantasias internas como eventos externos que teriam se passado com
ela. Se as imagens de sua vida passada entre os egípcios fossem
verdadeiras, isso poderia ter acontecido durante uma seqüência de
visualização, o que automaticamente significa que um procedimento mental
de sugestão estava ocorrendo. Às vezes os abduzidos combinam
procedimentos de visualização, sonhos e fantasias para compor lembranças
de realidade externa. Sua interpretação dessas ”memórias” muitas vezes é
mais dependente de sua credulidade pessoal do que as verdadeiras
ocorrências. A menos que seja versado nos problemas que esses
procedimentos mentais npresentam, o hipnotizador pode cair facilmente na
armadilha de aceitar fantasias e pensamentos confusos como realidade.
Mack não demonstra ceticismo a respeito dessa história.
Ele admira
a ”articulação espontânea” de sua narrativa. Há outros hipnotizadores
de abdução que, como John Mack, se tornam presas de erros metodológicos.
Como parte de uma série de treze regressões hipnóticas com abduzidos, a
psicóloga Edith Fiore apresenta uma longa transcrição de um evento
extraterrestre no seu livro Encontros, publicado em 1989. Fiore acredita
que o ato de relatar a informação real ou imaginária – tem valor
terapêutico, e, portanto, está mais interessada no que os abduzidos
pensam que aconteceu com eles do que no fato concreto ocorrido.
Ela
descreve a regressão hipnótica de Dan, que se “lembra” de ter sido
membro de uma força de ataque alienígena, ter destruído inimigos em
outros planetas, ter visitado os planetas “Deneb” e ”Markel”, ter tomado
uns drinques com o capitão, e outros detalhes de uma vida diária
notavelmente terrestre. Um dia Dan estava diante das cascatas, olhando
para as árvores. Era um dia lindo e calmo. Parecia que ele assumira o
corpo de uma pequena criança humana.
- Dra. Fiore: E onde está sua nave?
- Dan: Eu sou uma criança, sem nave, sem responsabilidades. Só um belo dia de verão. Nada para fazer. Todo o dia livre. Só passear.
- Dra. Fiore: Agora vemos você como essa criança. Vou perguntar como você fez a conexão e como virou criança.
- Dan: Duas pessoas diferentes. A criança tem todas as lembranças. É como se aposentar. Você tem a chance de não fazer nada se viver muito. Ficar num lugar bonito e agradável.
- Dra. Fiore: Como você conseguiu ser essa criança? (sic) …
- Dan: Eu o encontrei naquela estrada. Na realidade o substituí.
- Dra. Fiore: Agora vamos voltar para quando você se uniu a ele, vamos ver como você chegou àquela estrada.
- Dan: Bêbado. Horrível, horrivelmente bêbado. Festinha boa. Na manhã seguinte… passeio na ponte. Dizer adeus.
- Dra. Fiore: E então o que acontece?
- Dan: Só eu hoje. Um de cada vez. Escolher um planeta. Escolher um fácil. Todo o mundo está rindo.
- Dra. Fiore: Você diz que estava bêbado?
- Dan: A noite passada, terrível ressaca.
- Dra. Fiore: Onde você se embebedou? (sic)
- Dan: No navio, no refeitório dos oficiais… Confusão, bebida.
- Dra. Fiore: Que tipo de navio é esse?
- Dan: Classe M. Grande. Cruzador; quatorze naves de desembarque; 3.500 tropas. Armados até os dentes.
Este
interrogatório validou o que o hipnotizado estava dizendo e sutilmente
confirma a sua autenticidade. Fiore diz mais tarde que as lembranças
deram a Dan uma “melhoria na sua autoconfiança e uma maravilhosa paz
interior”. E ela acredita que cada uma das experiências de que seus
analisados se lembram “verdadeiramente aconteceram como eles se
recordaram”. Claramente, esse cenário de modo algum se ajusta ao cenário
que conhecemos de abdução, embora existam algumas poucas semelhanças
(adultos híbridos às vezes usam uniformes paramilitares).
Em vez de
focalizar um incidente e reunir os dados de forma crítica e cuidadosa,
Fiore alterna nove “encontros” na primeira regressão hipnótica com Dan –
que nas mãos de um hipnotizador inexperiente de abduções pode resultar
numa narrativa confusa e superficial. Mais ainda, Dan sabe a resposta a
praticamente todas as perguntas relativas aos fatos de vida numa nave.
Essa segurança do conhecimento da matéria geralmente é um forte
indicador de fabulação:
- Dra. Fiore: Existe alguma homossexualidade?
- Dan: Alguma.
- Dra. Fiore: E como isso é encarado?
- Dan: Tolerado. Não favoravelmente, mas tolerado.
- Dra. Fiore: Há problemas com o controle da natalidade?
- Dan: Não.
- Dra. Fiore: Por que é assim?
- Dan: Remédios, injeções.
- Dra. Fiore: Com que freqüência são aplicadas?
- Dan: Cada viagem.
As chances
de que isso seja uma fantasia dissociada são muito grandes. Em 1989,
quando a Dra. Fiore investigou o caso, ela poderia ser mais bem servida
se instituísse critérios de credibilidade pelos quais só aceitaria
material que fosse confirmado por outros que não conhecessem o
testemunho anterior. Mas Fiore e Mack eram terapeutas que não possuíam
treinamento como investigadores. Seu enfoque nos relatos de abdução é
muito diferente dos pesquisadores mais empiricamente orientados. É
importante compreender que, apesar de seus problemas metodológicos, Mack
e Fiore, como outros hipnotizadores, revelam muito dos procedimentos de
reprodução que constituem o cerne da experiência de abdução.
Entretanto,
por causa de seu treinamento, eles não estão particularmente
interessados no que aconteceu com o abduzido. Para Mack, assim como para
muitos terapeutas, a investigação das circunstâncias reais das
experiências de um cliente não é uma preocupação primordial. A
descoberta do que aconteceu com o abduzido é menos importante do que o
cliente pensa que lhe aconteceu – a precisão e a veracidade da narrativa
têm pouca importância. Como disse Mack: ”A questão de se a hipnose
(ou qualquer outra modalidade que nos ajude a atingir realidades fora
ou além de nosso mundo físico) revela com exatidão o que de
verdade ’aconteceu’ pode ser imprópria.
Uma
questão mais útil seria se o método de investigação pode dar informações
que sejam consistentes entre os que tiveram a experiência, traz
convicção emocional e aumenta o nosso conhecimento dos fenômenos
que sejam significativos para a vida de quem teve a experiência e
a cultura maior” (itálico no original). Assim, quando Mack conduz uma
hipnose, ele primeiro explica ao cliente que está “mais interessado na
sua integração com as experiências rememoradas, à medida que o processo
prossegue, do que em ‘saber a história’. A história… se ajustará no seu
devido tempo”. A verdade ou falsidade das experiências de uma pessoa – a
cronologia, a lógica procedural e a percepção exata de um evento – têm
papel secundário na metodologia de Mack.
Mas ele
declara que seu “critério para incluir ou acreditar numa observação do
abduzido é simplesmente se o que está sendo narrado foi percebido como
real por quem teve a experiência e se me foi comunicado sinceramente”.
Os fatos têm papel limitado, quando Mack encara um evento de abdução.
Fiore age do mesmo modo. Ela declara: “Porque minha preocupação
primordial é ajudar as pessoas, não importa para mim se os
pacientes/sujeitos relatam corretamente a cor da pele dos alienígenas,
por exemplo. O importante para mim é que os efeitos negativos do
encontro sejam liberados através das regressões.”
A
dedicação de Mack e Fiore em ajudar os abduzidos é inquestionavelmente
apropriada. Eles merecem elogios pela sua dedicação desinteressada,
ajudando as pessoas a compreender o fenômeno de abdução. A terapia
deveria ser a prioridade máxima de todos os pesquisadores. Mas a
relutância deles (e de outros hipnotizadores) em separar os fatos da
fantasia leva a uma aceitação ingênua de narrativas que deveriam ser
encaradas com suspeita. Isso marca as suas técnicas de pesquisa e
resulta em interrogatório que confirma as fantasias.
A fantasia mútua – uma forma sutil de
sugestão – é um problema muito mais significativo para a pesquisa de
abdução do que a formulação de perguntas sugestivas. Por exemplo, o
psicólogo Michael Yapko fez uma pesquisa entre terapeutas para saber
como eles pensam que a memória funciona. Yapko descobriu que a maioria
dos clínicos não tinha conhecimento dos problemas da memória e
acreditava que a hipnose sempre revela a verdade.
Muitos
pesquisadores caem na armadilha da fantasia mútua, quando aceitam tudo o
que o abduzido diz sob hipnose. Os pesquisadores que se filiam à Nova
Era perpetuam o problema quando aceitam, sem criticar, uma larga
variedade de narrativas “paranormais”. Vidas passadas, vidas futuras,
viagens astrais, aparições de espíritos, visitações de santos – tudo
assume legitimidade antes mesmo de o hipnotizador crédulo começar sua
pesquisa de abdução. Quando o abduzido
relata histórias com falsas memórias, o hipnotizador crédulo é incapaz
de reconhecê-las e está disposto a levá-las a sério. É fácil para um
hipnotizador inexperiente ou ingênuo “acreditar”, pois a maioria não têm
um conhecimento do fenômeno de abdução baseado em fatos.
Alguns
hipnotizadores chegam mesmo a se orgulhar de sua falta de conhecimento
sobre a abdução. Eles argumentam que sua ignorância lhes dá uma “posição
de isenção”, de modo que seu interrogatório não se deixa corromper com o
que eles “trazem à mesa”. Entretanto, o que eles trazem é a
sua incapacidade de separar fato de ficção. Aceitando sem crítica (e não
desafiando), assumindo ingenuamente que aquilo que é dito sinceramente é
correto, e defendendo essa situação como ”realidade”, os pesquisadores
inexperientes e ingênuos turvam as águas para os investigadores,
permitem que as pessoas pensem que os eventos que aconteceram com elas
não são verdadeiros, e aumentam a incredulidade do público em geral.
Fabulação de abdução
A
fabulação de abdução é um problema freqüente, especialmente nas
primeiras sessões de hipnose. A primeira sessão de hipnose é sempre a
mais difícil, pois pode ser muito assustadora. Muitas pessoas imaginam
erroneamente que revelarão detalhes de sua vida pessoal, ou ficarão à
mercê do “mau” hipnotizador. Depois que passam as primeiras sessões,
entretanto, os abduzidos se sentem mais confortáveis com o hipnotizador e
com a hipnose. Como resultado, suas memórias se tornam mais fáceis de
recolher e também mais nítidas. A fabulação ocorre tipicamente em três
áreas características:
- Aparência física dos alienígenas. A área mais comum de ser distorcida é a descrição da aparência física dos alienígenas. Muitos abduzidos garantem que podem ver todas as partes dos corpos dos alienígenas, menos as suas faces. Muitos abduzidos pensam que os alienígenas estão distorcendo propositadamente ou limitando o seu campo de observação para impedir o choque de ver suas faces. A prova não confirma isso. Como o fenômeno de abdução começa na infância, a maioria dos abduzidos vê a face dos alienígenas muitas vezes. Uma vez que o abduzido se acostume com a lembrança dos eventos e fique menos assustado com o que encontra, ele em geral vê claramente a face do alienígena. Igualmente, a princípio os abduzidos tendem a descrever os alienígenas muito mais altos do que eles na verdade são, não percebendo que estão olhando para os alienígenas da mesa onde estão deitados. Eles também descrevem os alienígenas como sendo de cores e feições diferentes. De fato, a maioria dos alienígenas são pequenos, bem pequenos, e não têm feições distintas, exceto pelos grandes olhos. Durante uma investigação hipnótica competente, os abduzidos reconhecem seus erros e se corrigem sem ajuda ou sugestão do hipnotizador.
- Conversação. Uma outra área prevalente de fabulação é o diálogo dos alienígenas. Embora a conversação dos alienígenas nos tenha dado os maiores conhecimentos sobre os métodos e objetivos do fenômeno de abdução, os pesquisadores devem ser extremamente cautelosos. Os abduzidos relatam que toda a comunicação com os alienígenas é telepática, bem como a comunicação entre os alienígenas. Quando perguntados sobre o que significa “telepática”, os abduzidos dizem que recebem uma impressão que é automaticamente traduzida em palavras, e pensam que essas palavras estão vindo dos alienígenas. Os pesquisadores ingênuos frequentemente aceitam o diálogo dos alienígenas sem verificá-lo, não percebendo que todo ou algumas porções do diálogo podem vir da mente dos abduzidos. Os abduzidos às vezes caem no modo “canalizador” – no qual o abduzido “ouve” mensagens de sua própria mente e pensa que estão vindo de fontes exteriores – e o pesquisador deixa de perceber isso. Alguns pesquisadores basearam muito do seu conhecimento em diálogos suspeitos. Somente os pesquisadores experimentados podem separar os diálogos característicos da conversação dos alienígenas do diálogo fabulado.
- Intenções dos alienígenas. A terceira área de fabulação é a interpretação das intenções e dos objetivos dos alienígenas. Por exemplo, quando perguntados sobre o uso de um dispositivo mecânico específico durante uma abdução, a maioria dos abduzidos responde “eu não sei.” Alguns, entretanto, dão uma resposta porque lhes parece razoável: “Esta máquina tira fotografias dos meus músculos, como uma máquina de raios X.” A menos que o investigador estabeleça de modo firme e confiável que os alienígenas disseram isso ao abduzido – e que o abduzido não inventou o diálogo – deve-se reconhecer que o abduzido não sabe a função da máquina e está simplesmente completando a sua memória.
O
investigador também deve ser extremamente cuidadoso com os relatos dos
abduzidos sobre o que os alienígenas estão fazendo. Os alienígenas
raramente fornecem as razões para procedimentos específicos, mas alguns
abduzidos rotineiramente, sim. Novamente, terapeutas e investigadores
ingênuos tendem a aceitar esses relatos como são feitos.
Alguns
pesquisadores reinvestigam o mesmo material repetidamente em diversas
sessões de hipnose, sem perceber que, se a narrativa contém fabulações e
distorções, ela pode entrar na memória normal como “fato”. Hipnoses
repetidas sobre um evento tendem a confirmar o “fato” e muitas vezes
torna-se impossível distinguir o que é real e o que não é. Por outro
lado, quanto mais sessões forem realizadas sobre eventos diferentes num
abduzido com um investigador competente, maiores serão as possibilidades
de descobrir as fabulações e estabelecer uma narrativa precisa.
Hipnose competente
Um
hipnotizador experiente e competente faz testes para determinar até que
ponto as pessoas que fazem relatos de abdução são sugestionáveis.
Fazendo perguntas propositadamente indicativas, ele pode facilmente
dizer se a pessoa é sugestionável. Na primeira sessão de hipnose, por
exemplo, muitas vezes pergunto à pessoa se ela viu os queixos “largos”
dos alienígenas. Pergunto se a pessoa pode ver os cantos do telhado.
Pergunto se os alienígenas são gordos. As respostas a essas perguntas
deveriam ser “não”, de acordo com todas as provas que já recolhemos. Se a
resposta é ”sim”, levo em conta a sugestionabilidade da pessoa, quando
avalio a veracidade e a precisão do relato.
O
pesquisador John Carpenter, de Springfield, Missouri, conseguiu
desenvolver essa linha de interrogatório no nível de uma ciência.
Ele criou uma lista de perguntas enganadoras – algumas óbvias, algumas
sutis para colocar imagens erradas na mente dos abduzidos. Na primeira
sessão de hipnose, ele faz essas perguntas ao novo hipnotizado, que
quase sempre responde “sim”; a maioria dos abduzidos se recusa a ser
influenciado e quase sempre dá as respostas negativamente, contradizendo
ou corrigindo o hipnotizador.
O primeiro incidente de abdução que recebeu publicidade generalizada foi o caso de Barney e Betty Hill,
publicado em revistas e livro. Usando hipnose, o psiquiatra Benjamim
Simon tentou fazer com que os Hill caíssem em contradição e sugerir que
eles haviam inventado a história.
Ele nunca conseguiu que os dois caíssem em armadilhas.
- Simon: A sala de operações do hospital era azul?
- Barney: Não, havia luzes ofuscantes.
- Simon: Você teve a impressão de que seria operado?
- Barney: Não.
- Simon: você teve a impressão de que estava sendo atacado?
- Barney: Não.
- Simon: Um momento. Betty não lhe contou isso enquanto você estava dormindo?
- Barney: Não. Betty nunca me contou isso…
- Simon: Sim, mas ela não lhe disse que vocês foram levados a bordo?
- Barney: Sim, ela disse.
- Simon: Então ela lhe descreveu tudo o que havia a bordo e que ela foi abordada por aqueles homens?
- Barney: Não. Ela não falou comigo que foi abordada por nenhum homem. Ela não sonhou com isso.
Em outra
ocasião, Simon sugeriu a Barney a possibilidade de que o incidente
poderia ser o resultado de uma alucinação. Barney discordou. A exatidão
de um relato de abdução depende, em grande parte, da habilidade e da
competência do hipnotizador. A memória é falível e há muitas influências
que prejudicam a sua precisão. A hipnose, conduzida cautelosamente,
pode ser uma ferramenta útil e precisa para revelar memórias de abdução.
A hipnose competente pode indicar a origem das falsas memórias e
desenredar a teia de memórias
confusas. O resultado é preciso, consistente, rico em detalhes e em
histórias corroborativas de abdução que desvendam os seus segredos e
aprofundam o nosso conhecimento.
As abduções são críveis?
Com os
problemas de recuperação e interpretação de memória, será possível que o
fenômeno de abdução seja uma fantasia criada psicologicamente? A
resposta é não, devido, em parte, à prova de que o fenômeno de abdução
não se baseia exclusivamente na memória e nos relatos hipnóticos.
Existem também provas concretas. Quando são abduzidas, as pessoas não
aparecem nos lugares onde são esperadas – há quem chame a polícia,
organize buscas, os pais ficam desesperados.
Um exemplo
indireto de falta física durante uma abdução ocorreu quando a irmã mais
nova de Janet Morgan, Beth, foi tomar conta de sua sobrinha Kim, de
seis anos, enquanto Janet saía para um encontro. Tanto Janet, uma mãe
solteira que trabalhava como secretária, quanto sua filha já haviam
sofrido várias abduções. Beth, que também já experimentara eventos
suspeitos mas não investigados, já havia tomado conta de Kim antes e
conhecia seus hábitos.
Naquela noite, Kim estava sentada no sofá
da sala vendo televisão e Beth resolveu tomar um banho, pois a criança
estava ocupada. Ela encheu a banheira e entrou na água com um romance e
começou a ler. Uma “névoa mental” desceu sobre ela e Beth ficou sentada
na banheira com o livro aberto na mesma página por mais de uma
hora. Subitamente, ela jogou o livro fora, pulou da banheira e
pensou, ”Kim!” Vestiu-se apressadamente e correu para ver se a
criança estava bem.
Kim não
estava no sofá. Beth correu todos os quartos da casa chamando por ela.
Voltou à sala e olhou atrás do sofá e no armário. Então, procurou pelos
quartos outra vez. Entrando em pânico, saiu para a rua, gritando por
Kim. O vizinho do lado perguntou qual era o problema. Beth lhe disse que
Kim havia desaparecido. O vizinho entrou na casa para procurar e
encontrou Kim adormecida no sofá, bem à vista. Kim havia sido abduzida,
Beth havia sido “desligada” e quando voltara a si, um pouco antes, Kim
ainda não havia voltado do evento. Kim saíra da casa e sua ausência fora
notada. Muitas abduções ocorrem a mais de uma pessoa, e, para reforçar
a prova, pessoas que nunca ouviram falar do fenômeno de abdução já foram
abduzidas. Uma Allison Reed preocupada me telefonou para dizer que seus
filhos, presos de pânico, estavam se lembrando de eventos de abdução,
sem nada saber do assunto. Ela e seu marido têm uma história de
experiências pessoais fora do comum que sugere atividade de abdução. Na
época do telefonema de Allison, em 1993, seu filho Brian tinha sete anos
e sua filha Heather tinha quatro. Ambos fizeram desenhos de alienígenas
e descreveram como flutuaram de seus quartos e através da janela para
um óvni que estava esperando. As crianças relataram detalhes de
incidentes que só são conhecidos pelos pesquisadores de abdução
veteranos e que não poderiam ter
visto na mídia. Heather, por exemplo, contou à sua mãe uma conversa que
tivera com um alienígena feminino:
“Ela
tentou me fazer crer que era minha mãe, mas eu sei que ela estava
tentando me enganar.” Heather disse isso para assegurar à mãe que não se
deixaria enganar e sabia muito bem quem era sua verdadeira mãe. O fato
de duas pessoas serem abduzidas juntas e verificarem a presença uma da
outra durante a abdução é outra prova adicional do fenômeno. Janet
Morgan e sua irmã mais velha, Karen, foram abduzidas juntas muitas
vezes, juntamente com outros membros de suas famílias. Cada uma delas
pode se lembrar independentemente da abdução e descrever em detalhe o
que aconteceu à outra, sem que tenham falado antes sobre o
evento. Apesar das dificuldades no estudo do fenômeno de abdução,
ele começa a revelar os seus segredos. Os procedimentos que
os alienígenas empregam estão podendo ser estudados e analisados. E as
razões para esses procedimentos são tanto deletérias quanto terrificantes.
Continua…Via http://thoth3126.com.br/a-ameaca-alienigena-parte-3/
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