Abastecimento urbano em São Paulo é crítico
Em janeiro, Francisco Graziano, diretor-geral da agência da ONU para agricultura e alimentos (FAO), lembrava em artigo no jornal Christian Science Monitor que no mundo atualmente mais de 825 milhões ainda passam fome, embora a quantidade dealimentos produzidos seja mais que suficiente para todos. As populações mais pobres não têm acesso aos recursos necessários à produção, como terra, crédito e água.
No Brasil, a falta do terceiro recurso já está provocando impactos, principalmente nos estados do sudeste e na cidade de São Paulo. Ela é cercada por um importante cinturão verde de abastecimento, onde não foram tomadas pelo governo estadual quaisquer medidas preventivas, mesmo com alertas que vinham sendo feitos pela comunidade científica há uma década sobre a situação dos reservatórios.
O próprio Graziano, quando ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome no governo Lula, e responsável pela implantação do exemplar programa Fome Zero, dizia em 2011, antes de assumir seu cargo na ONU, que “a água se tornou o maior entrave àprodução de comida, especialmente em algumas áreas ” como a América do Sul.
O problema, originado em parte significativa no sudeste, envolve todo o país em uma situação de inédita insegurança alimentar. No Ceará, O Povo afirma que alimentos como abacate, morango, batata inglesa e repolho roxo já tiveram aumento de 60% de novembro de 2014 a janeiro deste ano. Na Paraíba, o PBAgora diz que o chuchu, por exemplo, teve aumento de preço de 186% no mesmo período. No Rio Grande do Sul, sem oferta suficiente, relata o Zero Hora, há chance de o atacado importar mercadorias do Peru, Argentina e Chile.
“Estamos tendo uma quebra de safra em todos os produtos”, afirmou esta semana o diretor-geral da FAO. O Brasil, disse, terá de ampliar seus estoques de alimentos e privilegiar culturas mais resistentes a secas, fenômeno que deverá ser mais frequente com a mudança do clima.
Segundo Graziano, em entrevista à , “estamos atravessando o período das águas no Brasil e deveria estar chovendo muito mais do que está. Tivemos deficiência hídrica de praticamente um metro de água na região centro-sul do Brasil”. Ainda, disse, “estamos vendo muita oscilação de preços resultante do impacto das mudanças climáticas. Há uma irregularidade da produção. Situações de seca, que antes se repetiam a cada cem anos, agora ocorrem a cada 20 anos”.
Foto: Ian Sane/Creative Commons/Flickr
Via http://planetasustentavel.abril.com.br/
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