Após o Terremoto, A crise nuclear está fora de controle no Japão
Em meio aos esforços do governo japonês para evitar um derretimento dos núcleos radioativos da usina termonuclear Daiichi, em Fukushima, o governo norte-americano divulgou um alerta sobre o risco “extremamente elevado” da radiacão já liberada na atmosfera.
Segundo o presidente da Comissão Regulatória de Energia Nuclear dos EUA, Gregory Jackzo, os danos em pelo menos um dos reatores da usina são muito mais sérios do que o governo japonês admitiu, indicando aos norte-americanos no país que se mantivessem muito mais longe ainda da usina do que o perímetro estabelecido pelas autoridades do Japão. Os cinco dias de crise, desde que o sistema de resfriamento dos seis reatores da usina de Daiichi, em Fukushima, foi inutilizado após o terremoto, chegaram a um ponto alto. Segundo informações da imprensa internacional, os bastões de combustível nuclerar utilizados no reator número quatro da usina estariam expostos e em contato com o ar, uma vez que a água utilizada para armazená-los teria evaporado completamente. A informação dada pelo presidente da comissão norte-americana foi confirmada por membros da agência regulatória japonesa Tokyo Eletric e do governo do Japão.
Um informe divulgado pelo governo japonês no início desta quarta-feira indicava ainda que um vazamento estaria ocorrendo no núcleo central do reator número dois e que uma quantidade maior de vapor radioativo estava sendo liberado.
Os níveis de radioatividade liberados na atmosfera estariam muito além das estimativas do governo japonês, chegando a comprometer novas tentativas de controlar a situação. No pior dos casos, segundo a análise de especialistas norte-americanos, os trabalhadores seriam forçados a abandonar o local, deixando o conjunto de reatores para derreter sozinho, levando a um vazamento e à contaminação de terras, águas e da atmosfera por radioatividade. Os níveis máximos de radioatividade liberados durante a crise já são suficientes para provocar a morte em um período relativamente curto de tempo. A tentativa de resfriar os reatores jogando água a partir de helicópteros foi suspensa nesta quarta-feira por medo de que as tripulações fossem afetadas pela radiação. A usina está próxima à cidade de Sendai, com cerca de um milhão de habitantes. O desastre no Japão tem o potencial de ser seis vezes pior do que o ocorrido em Chernobil na década de 1980, onde havia apenas um reator. Em Tokio, a cerca de 240 quilômetros de distância, os níveis de radioatividade atmosférica se elevaram, provocando um êxodo em massa da população. A província de Ibaraki, ao Sul de Fukushima, já registra um aumento de 30 vezes na quantidade de radiação atmosférica de fundo.
À medida que o tempo passa, os esforços para evitar o derretimento dos núcleos armazenados nos reatores de Daiichi parecem mais e mais ineficazes. A perda de controle do governo sobre a situação pode levar a uma catástrofe nuclear de proporções inéditas provocada, em primeiro lugar, pela irresponsabilidade do governo japonês, que negou recursos na manutenção dos reatores por anos e da administração da Compahia de Energia Elétrica de Tokio (TEPCO) que administra a usina em Fukushima e, no passado, já havia prestado informações falsas ao governo sobre a segurança de suas instalações. A reação em cadeia na usina de Daiichi comprova como um recurso poderoso como a energia nuclear pode se transformar em uma arma letal sob o regime capitalista.
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