Aos 84 anos, Divaldo Franco é o médium mais respeitado do Brasil.
Conta que se comunica com os espíritos desde a infância, na Bahia. Com
mais de 13 mil conferências no Brasil e no Exterior e centenas de livros
lançados, é considerado hoje o maior divulgador da Doutrina Espírita no
mundo. Divaldo esteve no Rio Grande do Sul para duas palestras e falou
sobre reencarnação, sobre a vida no mundo espiritual e sobre as cidades
espirituais que existem em cima do estado.
Sorridente e atencioso, apesar do cansaço, ele falou sobre a vida no
mundo dos espíritos. “Consideremos que a vida na terra é uma cópia
imperfeita da vida no mundo espiritual. Nós temos aqui tudo o que existe
lá, mas nem tudo que existe lá nós temos aqui”, explica.
Confira a íntegra da entrevista concedida pelo médium ao Teledomingo, da RBS TV.
Pergunta: Divaldo como é a vida no mundo dos espíritos?
Divaldo Franco: Consideremos que a vida na Terra é uma
cópia imperfeita da vida no mundo espiritual. Nós temos aqui tudo o que
existe lá, mas nem tudo que existe lá temos aqui.
Desta maneira, o mundo de natureza transcendente é aquele que oferece o
material para o mundo da organização física. Existem comunidades,
comunidades modestas, eloquentes, que constituem naturalmente o que
Jesus chamava “as muitas moradas na casa do Pai”.
Pergunta: Nós temos cidades espirituais aqui em cima do Rio Grande do Sul?
Divaldo Franco: Sem a menor sombra da dúvida. Aqueles
pioneiros que vieram para fazer o progresso de cada comunidade, vieram
de núcleos espirituais para onde retornam. E todo o progresso desse
núcleo que está sobre as vibrações daqueles criadores é programado antes
da reencarnação deles. À semelhança de Nosso Lar, que é uma comunidade
sobre a cidade do Rio de Janeiro, todas as cidades da Terra têm as suas
respectivas causas no mundo espiritual.
Pergunta: Então em cima de todas as pequenas e grandes cidades há uma cidade no mundo espiritual?
Divaldo Franco: São ondas que envolvem essas
comunidades como se fossem realizações do psiquismo divino. Então os
espíritos nobres edificam e fazem na Terra uma espécie de cópia
grosseira, porque quando nós vemos uma cidade logo imaginamos dentro dos
nossos padrões materiais. Por falta de palavras equivalentes, seria
definir com palavras conhecidas aquilo que é desconhecido.
Pergunta: Quando uma pessoa morre, ela logo encontra as pessoas queridas ou nem sempre? Isso depende de como ela se comporta aqui?
Divaldo Franco: Depende do estágio evolutivo. Quando se
trata de espírito nobre, seus mentores e seus familiares o aguardam da
mesma forma que nós esperamos um viajante querido. Vamos até o local
onde ele desembarca para dar a nossa saudação e as boas-vindas, no mundo
espiritual também. Mas a grande maioria é constituída de pessoas ainda
vinculadas aos prazeres imediatos, então e a morte é uma grande dor,
porque é uma cirurgia que liberta o corpo ou liberta do corpo o espírito
e a pessoa. O ser fica aturdido, muitas vezes se perturba. Se tem
vinculações com os espíritos perversos, entra em estado de profunda
angústia e de obsessão.
Pergunta: São esses espíritos que a gente diz que estão por aqui quando se fala que se viu um fantasma ou tem a sensação de energia ruim?
Divaldo Franco: São espíritos perturbados. Allan Kardec
diz que eles ficam em estado de erraticidade. Eles ficam perambulando
de um lado para outro sem uma pousada fixa porque ainda não têm idéia do
que lhes aconteceu. Por consequência, eles vagueiam, atônitos, até o
dia em que a misericórdia divina faz com que reencarnem. Assim, os levam
por misericórdia para verdadeiros redutos de caridade e compaixão.
Pergunta: O que é reencarnação? Todos nós voltamos, não voltamos?
Divaldo Franco: Todos. A única exceção é Jesus Cristo.
Jesus Cristo não reencarnou, ele encarnou, porque é o ser mais perfeito
que Deus nos ofereceu para nos servir de modelo e guia. Ele prometeu
mandar o consolador, que era sua volta. Foram os espíritos enobrecidos
que vieram à Terra trazer uma nova luz, uma luz peregrina de amor. Mas
todos nós voltamos ao vasilhame carnal como alunos dentro de uma escola.
Etapa a etapa, vão evoluindo. Quando não agem bem, eles retornam para
repetir a experiência. São as provações e as expiações. As provações são
testes, as expiações são imposições para a evolução.
Pergunta: Eles voltam sempre com a família, com os amigos? Por que às vezes a gente tem a impressão de que já conhece uma pessoa?
Divaldo Franco: Porque estivemos vinculados em vidas
anteriores. É o que a psicologia chama déjà vu, déjà senti ou déjà
reconté. O já visto, já ouvido, já sentido. Olhamos uma pessoa que nos é
tão familiar e dizemos “eu conheço”. E, realmente, quando dialogamos a
conhecemos. Então existem encontros que são reencontros, mas existem
reencontros que são verdadeiros desencontros.
Pergunta: E a mediunidade, Divaldo? Todos somos médiuns?
Divaldo Franco: Allan Kardec no “Livro dos Médiuns” diz
textualmente: todo aquele que sente em determinado grau a presença dos
espíritos é médium. Todos nós sentimos, temos percepções, intuições,
temos sonhos premonitórios. Temos várias manifestações psíquicas e
paranormais que são manifestações mediúnicas. O que nós fazemos com a
inteligência? Há um programa psicológico e pedagógico para desenvolver
nossas habilidades intelectuais, para desenvolver a memória, para poder
aprofundar as aptidões artísticas e culturais. A mediunidade também
exige uma série de fatores para que possamos inicialmente aprender a
fazer silêncio interior, depois acalmar as nossas angústias e sintonizar
com o mundo espiritual através da decodificação, pela glândula pineal,
das glândulas vibratórias. É como acontece com as ondas hertz que as
antenas captam, decodificam e nos dão imagens visuais e sonoras.
Pergunta: Divaldo, todos nós temos um anjo da guarda?
Divaldo Franco: Sem dúvida. O que seria de nós sem
esses espíritos gentis que nos conduzem toda a vida? O anjo da guarda, o
guia espiritual, nosso menor, são espíritos nobres que apadrinham o
nosso processo evolutivo e que nos ajudam no transcurso da evolução.
Pergunta: E como podemos falar com eles?
Divaldo Franco: Mentalmente. Jesus nos deu o melhor
método. Através do silêncio interior, orando a Deus, nós entramos em
contato com esses espíritos. A técnica é esta: fala a criatura ao
criador através da oração. Responde o criador à criatura pela inspiração
e ajuda o criador a outra criatura utilizando-se do próximo.
Pergunta: E Joanna de Angelis (guia espiritual de Divaldo)?
Divaldo Franco: Ela é uma amiga generosa há muitos
anos. Quando eu era criança, sempre via uma claridade ao meu lado, mas
não tinha idéia. Escutava uma dúlcida voz. À medida que os anos passaram
eu perguntei, mas de quem se trata? “Um espírito amigo”, me respondeu.
Eu fiquei tão frustrado. Mais tarde me tornei espírita e aquela doce voz
me disse: “Sou um espírito amigo”. Eu perguntei o nome. “Para quê? O
importante é o afeto e não o nome de quem é afetivo”, respondeu. Eu
perguntei quem era meu guia espiritual e ela me disse: “Teu guia
espiritual é Jesus”.
Na minha infância, na minha juventude, na minha ignorância , eu queria
um guia para mim, Jesus é de todos. Ela disse: “No dia em que tu
sintonizares com Jesus, nunca mais dirás uma coisa tão infantil”. Só
longamente depois é que ela foi contando dos nossos relacionamentos em
existências anteriores, várias vidas. E hoje estamos muito unidos porque
depois de mais de 70 anos de comunhão diária há uma forma de psiquismo,
que interdepende. Há vezes que eu não sei quando é ela e quando sou eu
que penso
Pergunta: Chico Xavier também tinha um mentor,
conhecido como Emmanuel. Chico dizia que quando ele desencarnasse,
Emanuel estaria na Terra, provavelmente no Brasil. Emmanuel já renasceu?
Divaldo Franco: Antes de Chico desencarnar (em 2002),
reencarnou Emmanuel, em 2000. Chico foi desdobrado psiquicamente para
ver o momento da fecundação do óvulo e a ligação de Emmanuel, que
estaria reencarnado, sim, no Brasil com a grande missão educativa.
Porque a educação é o instrumento de salvação da humanidade. Allan
Kardec diz que “a educação é o maior antídoto ao materialismo e a
crueldade”. Mas não só a educação que se adquire pelos livros, também a
que tem relação aos valores éticos morais da humanidade
Pergunta: Tem gente que tem medo que o mundo acabe em 2012. O que vai acontecer de fato?
Divaldo Franco: Já estamos na grande transição
planetária. Allan Kardec faz abordagem no livro “A Gênese” e fala sobre a
nova era. Todas as doutrinas falam de um mundo melhor. É certo que o
mundo se acabará do mal. O mal que vige cederá lugar ao bem e o
calendário maia fala exatamente isso. Então espíritos nobres, de outra
dimensão, que nós chamaremos seres angélicos, encarnarão na Terra e os
maus não terão chances de continuar. Eles irão para mundos inferiores
transitoriamente, porque Deus não castiga. Quando eles evoluírem, vão
alcançar uma terra melhor. O porvir é abençoado. Hoje é um mundo de
provas e expiações, o do futuro é um mundo de regeneração.
Roberta Salinet (RBS TV)
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