Notícia enviada em 13/03/2011por Rodolfo Bonafim - São Paulo/SP |
Bem, apos esse preâmbulo, o que tenho a dizer, além de lamentar profundamente as perdas, especialmente humanas no Japão, diante de megaterremoto e megamaremoto, é que haveria sim, possibilidade de haver um maremoto no litoral braileiro, especialmente da região nordeste e norte.
Em 2001, cientistas alertaram para a real possibilidade de um mega tsunami gerado por uma futura erupção do instável vulcão Cumbre Vieja em Las Palmas (ilha que compõe o arquipélago das Canárias, pertencente à Espanha) poderia causar um imenso deslizamento de terra para dentro do mar. Nesse cenário, após o deslizamento a metade oeste da ilha (pesando cerca de 500 bilhões de toneladas) iria desabar para dentro do Oceano Atlântico. Esse deslizamento causaria uma megamaremoto de cem metros que devastaria a costa noroeste da África com ondas alcançando de trinta a cinquenta metros atingindo a costa leste da América do Norte muitas horas depois, causando devastação costeira em massa e provavelmente a morte de milhões de pessoas.
Segundo Bill McGuire, diretor do Centro de Pesquisa de Riscos Benfield Grieg, da University College of London, é possível que esses vagalhões viessem atingir o norte e o nordeste brasileiro.
Ondas de 4 a 18 metros iriam atingir do Pará à Paraíba. A ilha de Fernando de Noronha seria um dos locais onde a tsunami chegariam com mais força no Atlântico Sul.
A onda avançaria ainda até cerca de oito a dez quilômetros terra adentro, destruindo tudo pela frente.Imagine-se no caso de Santos e São Vicente - com esse alcance das ondas, para onde poderia se correr a tempo de se salvar? Caso houvesse tempo, poderia a princípio, refugiar-se nos morros que compõem o Maciço da Ilha de São Vicente... (volto a frisar, caso houvesse tempo...). A Ponta da Praia, Aparecida e Embaré seriam os bairros mais atingidos de Santos... Sem falar nos riscos de vazamentos de combustíveis da Ilha Barnabé no estuário santista e as ameaças de explosões no Pólo petroquímico de Cubatão...
E o litoral do sudeste, especialmente o litoral paulista?
Segundo estudos de hidrodinâmica, o que poderia chegar ao litoral paulista, seriam ondas insignificantes, que não afetariam a vida cotidiana, porém cumpre lembrar e aí entra mais uma questão que pode ser levantada pela ONG Amigos da Água, que há relatos de registros históricos de um ",maremoto", ocorrido em São Vicente em 1541. o termo é usado por cronistas da época e relatado por autores dedicados à história da Vila de São Vicente, fundada em 1531. Segundo o historiador paulista Mario Neme, em seu livro ",Notas de Revisão da História de São Paulo", (São Paulo, Anhambi, 1959, p. 102), ",em fins de 1541, verifica-se a destruição pelas águas do mar de diversas construções da vila, entre as quais, com toda certeza, a conhecida ',casa de pedra', ou fortaleza, da qual não se volta mais a falar e não é encontrada dez anos depois por Tomé de Sousa, quando visita a capitania de São Vicente.",
Citando Frei Gaspar da Madre Deus, Neme informa que as vereanças da vila daí em diante se realizaram em igrejas ",por ter o mar levado as casas do conselho",. Uma sólida casa de pedra encimada por uma torre, a qual era a única edificação que não fora feita com taipa de pilão. O episódio também é tratado por Roberto Pompeu de Toledo no livro ',A Capital da Solidão', (Rio de Janeiro, Objetiva, 2003, p. 68/9): ",em 1541 São Vicente sofreu um maremoto que por muitos anos ficaria registrado na memória dos habitantes da região, e que, entre outras coisas, supõe-se que tenha destruído a casa de pedra da qual davam conta antigos viajantes.",
É bom ressaltar que a comunidade acadêmica não sabe o que poderia ter disparado esse evento tão antigo,ainda....
Ainda temos relatos de um terremoto em 1560: num dia entre abril e junho daquele ano, no litoral paulista, ",um tremor de terra horrível", atingiu as vilas de São Vicente, escreveu o padre Simão de Vasconcelos em Crônica da Companhia de Jesus no Estado do Brasil...
Finalmente, em pleno séc ulo XXI, exatamente em 22 de abril de 2008, um sismo de manitude 5,2 escala Richter, é sentido em várias cidades dos litorais paulista e fluminense e até do interior de São Paulo e de outros estados. O epicentro foi há cerca de 215 Km na plataforma continental em relação a São Vicente e só não causou maiores efeitos devido à distância da costa. Maremotos não ocorreram devido à relativa pequena lâmina de água a ser movimentada, de acordo com oceanógrafos, embora eu particularmente não corrobore com esta hipótese para não ter havido maremoto...
Rodolfo Bonafim
Diretor científico da ONG Amigos da Água (www.amigosdaagua.org.br)
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