quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Spoiler pessoal do filme A Origem (Inception)

 

Não sei se todo mundo já viu A Origem. Quem não viu ainda  veja o filme antes de ler esse post, porque irei falar da trama.  Confesso que após rever o longametragem ainda tenho dúvidas se é o filme do ano, mas acho que fatalmente será. Diante das idéias requentadas e crise criativa que vemos no cinema, cheia de adaptações, continuações e refilmagens, é sempre um bálsamo ver uma idéia original, mesmo que traga dentro dela várias referências.

Hoje vou publicar um post um pouco diferente do foco que é a Aqualinea, mas eu achei mais do que necessário fazer isso!

Afinal eu não poderia deixar de comentar sobre o filme do ano! Sim acho que finalmente nossas mentes foram usadas da melhor forma possível. Explorando um mundo muito além do que conseguimos ver ou mesmo entender! INCEPTION é um filme para vc ir ver sozinho! Se for em grupo que cada um fique em um cando do cinema! Não coma pipoca, nem abram uma balinha sequer.

Banheiro? Bem se você precisar ir é melhor ir embora do cinema. Pois até o ato de piscar pode levar por água abaixo toda a magia desse filme! Então gostaria de compartilhar o que senti ao ver essa obra prima.

A OrigemNão sei se todo mundo já viu A Origem. Quem não viu ainda veja o filme antes de ler esse post, porque irei falar da trama. Confesso que após rever o longametragem ainda tenho dúvidas se é o filme do ano, mas acho que fatalmente será. Diante das idéias requentadas e crise criativa que vemos no cinema, cheia de adaptações, continuações e refilmagens, é sempre um bálsamo ver uma idéia original, mesmo que traga dentro dela várias referências. Talvez o ponto que não nos deixa embarcar completamente em A Origem a ponto de dizer “é o melhor filme já visto”, seja a falta de emoção. Alguns críticos estão comparando Nolan a Kubrick, porque ambos são racionais ao extremo e demonstram isso em seus filmes. Em ambos os diretores o melodrama passa longe, a construção do roteiro é quase uma fórmula matemática, isso dificulta o envolvimento da platéia com os personagens. Até o amor de Cobb e Mel é racional. Ainda assim, a gente se apaixona pela plástica, pela coerência interna, pelo conjunto da obra. Estamos sim, diante de uma obra de gênio.
A OrigemAo rever o filme, quero começar falando de uma coisa que tinha achado um erro na primeira vez: A contagem de tempo no sonho. O.K. nossa mente não tem tempo, porque ele não existe. Então, não poderíamos fazer relações de primeiro nível, semana, segundo nível, meses, terceiro nível, anos. Mas, temos que lembrar de um detalhe. Em
A Origem essas camadas de sonhos não são puras, são construídas por arquitetos, profissionais racionais que obviamente não deixam nada solto. Tanto que, no limbo, a relação de tempo some.
Ali, onde os sonhos não são construídos tudo está em aberto como nas teorias psicológicas sobre esse estado da mente. Revendo com esses olhos tudo ficou ainda mais fantástico e coerente. Apesar de realmente não explicar como o sistema funciona, tudo faz sentido. Sabemos que começou como um experimento do exército e só depois foi desviado para espionagem empresarial. Ponto. Sem muitas explicações para como as pessoas simplesmente entram nos sonhos dos outros.
A OrigemA construção do personagem Cobb é muito bem feita. Ele é um arquiteto com uma ferida fatal: sua esposa e o passado misterioso que a envolve. Em qualquer sonho que esteja, o inconsciente do agente acaba trazendo a imagem de Mal junto, e interessante como ela sempre está contra ele. Uma representação típica da femme fatale dos filmes noir. A culpa que corrói Cobb faz com que sua projeção haja assim. É nisso que entra o racionalismo de Nolan mesmo ao falar de amor e dor, tudo é logicamente exposto. Os dois passeando pelos sonhos, a prisão no limbo, “the inception” feita por ele, as consequências, tudo segue uma lógica incrível. Não que as catarses sejam frias, os dois atores se entregam de corpo e alma às cenas, mas o ponto de vista racional faz com que não entremos no desespero do casal. Apenas contemplamos como espectadores anônimos, admirando a coerência dos fatos. E a forma como os acontecimentos vão sendo explicados também é fundamental para nos surpreender.
A OrigemA trama, que seria das mais comuns, transforma-se em novidade pela roupagem dos sonhos e suas camadas. Afinal, são um grupo de ladrões organizados com uma missão diferente, implantar uma idéia na mente de um homem. Como fazer isso? Como propor algo e fazer essa pessoa acreditar que nasceu de si? Cobb acredita ser possível porque ele já viu acontecer. E monta a sua equipe. Seis pessoas com suas funções específicas: Dom Cobb, o extrator e líder; Arthur, o homem do ponto ; Ariadne, a arquiteta ; Eames, o falsário; Yusuf, o químico; Saito, o turista. Todos em função do alvo Robert Fischer. A forma como as peças se organizam e funcionam juntas é muito bem planejado e nos deixa maravilhados com a arquitetura narrativa. Sonho dentro de sonho, o espectador pode se perguntar onde está, mas fica fácil saber quem é o sonhador de cada nível porque este precisa permanecer nele. Sem ele o mundo entra em colapso, como aconteceu quando Arthur levou um tiro nas sequências iniciais do filme. Então, o sonhador do primeiro nível é o químico Yusuf que fica no local conduzindo a van, do segundo nível é Arthur, que permanece tomando conta do quarto do hotel e do terceiro é Eames que esconde o segredo no cofre para que Fischer ache que é seu. A montagem também ajuda intercalando os níveis em sua narrativa paralela, unindo as emoções e nos dando uma idéia geral da operação.
Aliás, Lee Smith se superou ao unir camadas tão distintas, com tempo e regras próprias, sem fazer o espectador se perder. Tudo é tenso e empolgante.
A OrigemA câmera de Nolan brinca com essa realidade. Em um lugar onde nem gravidade existe, por exemplo, porque manter o eixo? Com enquadramentos criativos somos brindados com cenas como a do elevador, onde Arthur enrola os demais participante em um fio e os coloca dentro da cabine que irá explodir na tentativa do chute do segundo nível. Não dá nem para chamar aquilo de plongeé, que na prática seria, já que a câmera está no topo do corredor do elevador, mas a falta de gravidade permite que vejamos como se o trajeto da cabine fosse quase horizontal. Com Arthur “dançando” ao redor, a composição fica belíssima. Ou ainda as cenas no limbo, com as construções caindo ao mesmo tempo que são recompostas por cada mente presente no local. A direção de arte, provavelmente feliz com as possibilidades de criação, nos brinda com composições inusitadas, mas coerentes. Tudo se encaixa naquela realidade alternativa. E se já tinha ficado empolgada com a música de Piaff como código para o despertar, imagine perceber que aquele barulho ensurdecedor que ambienta as ações é a introdução da música tocada de forma mais lenta, em referência a diferença de velocidade do sonho. Quando no terceiro nível um dos personagens diz “deve estar tocando há um bom tempo, só agora percebi, mas é a música”, despertei igual a ele. Não vou repetir o quão genial é a escolha de “Non, Je Ne Regrette Rien”. Mas, essa utilização no filme a torna ainda melhor.
A OrigemPor fim, the inception é muito bem planejada. As informações a cada nível do sonho que envolvem Fischer fazem todo o sentido. Primeiro ele dorme no avião e Cobb já gera uma relação de confiabilidade com ele ao devolver o passaporte e falar do pai. No primeiro nível ele é sequestrado e tem a informação de um outro testamento e da necessidade de um número. Depois vemos o segundo nível, onde Cobb se torna seu protetor, declarando o estado de sonho e a desconfiança em relação ao tio. No terceiro nível, Fischer acredita está no sonho do tio e tenta descobrir o que seu pai queria lhe dizer. Pronto. Caminho inverso sendo feito da idéia, ele está decidido a dividir seu patrimônio como o concorrente queria. Missão cumprida. Falado assim, parece simplista, mas vendo o desenrolar é lindo.
A OrigemComo se não bastasse tudo isso, Nolan não nos poderia deixar sair do cinema imunes, ele queria gerar a discussão, as idéias, as proposições sobre aquilo que acabamos de ver, então, nos coloca uma pulga atrás da orelha. O Totem é testado, mas Cobb não fica para ver o resultado. Enquanto o personagem corre para os braços dos filhos, ficamos com a incômoda expectativa dele cair na mesa. O barulho da iminência da queda é um código, mas o corte brusco nos deixa a dúvida. Afinal, o que era realidade e o que permanecia sonho ali? Eu pensei em algumas possibilidades. Primeiro, a mais óbvia, Cobb continua sonhando, mas desde quando? Podemos supor que é sonho toda a trajetória do plano, e que este não acabou ainda, ou então, tudo aconteceu e apenas Cobb e Saito continuaram presos no limbo, sendo o resto sonho de Cobb, já que tudo termina tão bem e até a posição das crianças é a mesma dos sonhos que o agente tinha. Mas, há ainda a possibilidade mais radical, de Mal ter razão, e Cobb estar em coma preso em um limbo próprio que recria a sensação de realidade, sendo tudo o que vemos no filme apenas sonho. Esse é mais improvável, mas não deixa de ser uma possibilidade.
E claro, sempre há a possibilidade de tudo ter realmente acontecido e em um segundo após o corte da câmera o totem cair demonstrando a realidade.
Eu gosto de acreditar nessa versão em minha teimosia por finais felizes. Até porque a dúvida pode ser apenas a representação de que o protagonista irá viver eternamente nesse estranhamento após tantas investidas no próprio inconsciente. E você, qual a sua versão?
Via ; http://aqualinea.com.br/

2 comentários:

  1. Ótimo post amigo.
    Aceita parceria?
    http://alefnossomundo.blogspot.com.br/

    Bom Dia.

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