quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Como sobreviver a tudo


LONGE DO PERIGO: Neil comprou uma casa em uma ilha do Caribe,
se tudo der errado. "Acabei virando cidadão de São Cristóvão e Névis"

Guerra, furacão, terremoto, caos, fome. Não é mais uma profecia de Nostradamus, o Apocalipse bíblico ou um filme-catástrofe hollywoodiano. São os maiores medos que habitam a cabeça do jornalista americano Neil Strauss, que passou 8 anos se preparando para sobreviver a qualquer colapso que possa atingir o planeta. No livro Emergência (Ed. Best Seller), lançado em dezembro, ele conta como aprendeu a atirar, caçar, arrombar cadeados e até salvar vidas em diversos cursos. Mas por que Strauss tem tanto medo? A seguir ele explica. E ainda ensina a correr em caso de derretimento de geleiras, homens-bomba ou crises econômicas. 

* Você realmente acredita no colapso da nossa sociedade? 
Neil Strauss: Qualquer coisa pode dar errado a qualquer momento. Podemos viver tanto um terremoto quanto um colapso econômico. Hoje tememos pelo futuro da economia porque estamos em crise, mas também há terrorismo, guerras, revoluções. No meu país, os últimos 10 anos foram transformadores: com os ataques de 11 de setembro, percebi que tem gente querendo me matar só porque vivo nos EUA. Também tivemos o furacão Katrina em 2005. Ele me fez perceber não só que desastres podem acontecer aqui dentro, mas que o governo pode não ajudar. 
* Não estamos preparados para enfrentar esses desafios? 
Strauss: Na verdade, o conforto em que vivemos aumenta ainda mais o nosso medo. As pessoas que mais se revoltam não são aquelas que não têm nada, mas aquelas que possuem algo e perdem de repente por conta de algum desastre, seja ele natural ou de causas humanas. Comecei o livro com toneladas de medo, mas superei ao abrir mão desse conforto. Quando você aprende a ir sozinho para o mato e sobreviver por uma semana, você aprende a ser independente. Você sabe que pode perder tudo e ainda assim se sentir seguro. Eu precisava aprender a fazer coisas que nossos ancestrais faziam, mas que nós ignoramos. Precisava virar um sobrevivencialista — é assim que se chama o sujeito que se prepara para emergências e rupturas. 
* "Sobrevivencialista"... Ok. Mas como foi essa preparação? 
Strauss: Meus primeiros passos foram burocráticos. Eu fui atrás de documentos para pegar um segundo passaporte. Queria poder conseguir sair do meu país caso algo desse errado. Sabe, é importante sempre ter um plano reserva. Acabei virando cidadão de São Cristóvão e Névis [Strauss comprou uma casa na ilha do Caribe, e assim ganhou a cidadania]. Ainda tenho uma casa lá, uso quando quero escrever. Nos últimos 8 anos, fiz cursos de sobrevivência na floresta, onde aprendi a caçar e fazer fogo. Também frequentei aulas de primeiros socorros, defesa com armas de fogo e de evasão urbana. 
* O que você aprendeu no curso de evasão urbana? 
Strauss: Muitos sobrevivencialistas aprendem como se virar na natureza, mas grande parte do mundo é coberta por cidades. Nessa aula aprendi como abrir fechaduras, como entrar em carros e dar partida, como despistar perseguidores, a escapar de algemas, evitar câmeras de segurança, passar por cima de cercas de arame farpado. É a aula mais interessante que tive na vida. Grande parte dos alunos era de militares e mercenários que estavam indo trabalhar no Iraque. 
* Você não tem receio de parecer paranoico? 
Strauss: Essa é a imagem da velha-guarda dos sobrevivencialistas: um cara de ultradireita indo sozinho pro meio da floresta com alguns mantimentos e um monte de armas. Agora temos a nova geração, que diz: “Não vamos mudar nossas vidas por causa do medo”. Eu ainda vivo na Califórnia, perto do mar, ainda aproveito a vida. Mas vou estar preparado se algo der errado. Isso não quer dizer comprar um monte de armas, mas ter as habilidades necessárias. Existem 4 coisas que você precisa para sobreviver: você tem que saber fazer fogo, encontrar água, conseguir comida e construir abrigo para o frio. Também é importante ter noções de primeiros socorros e autodefesa. 
* Por que você decidiu se juntar à Patrulha Móvel de Emergência da Califórnia em operações de resgate? 
Strauss: Mesmo dominando todas essas habilidades que aprendi nos cursos, ainda não tinha certeza se conseguiria sobreviver a uma emergência real. Aprender algo é diferente de fazer algo: pensei que poderia congelar na hora H. Como iria exercitar minhas habilidades com as mãos tremendo? Decidi me expor a situações de alto estresse. Mas acontece que eu realmente gostei de usar minhas habilidades para ajudar os outros. Hoje já me tornei o oficial de treinamento do grupo. 
* E o que devemos fazer no caso de uma emergência? 
Strauss: Você tem que estar preparado para duas coisas durante um desastre: ficar em casa ou fugir. Toda pessoa deve ter um estoque de mantimentos para ficar uma semana sem sair de casa. Eu tenho um pequeno armazém em minha garagem, que dura mais de um mês. Quando você quiser fugir, tem que ter um plano de evacuação e um lugar para ir, onde possa ficar por mais de um mês. Com esse tempo, a maior parte dos desastres vai ter acalmado. Acho que todo mundo deveria aprender primeiros socorros também, pois o mais importante é saber cuidar de si mesmo e de sua família. A mensagem que quero passar é: em vez de sentir medo, faça alguma coisa sobre isso. 

Um comentário:

  1. Obrigado pela parceria amigo, o seu blog também está na minha lista.
    Bom trabalho para você.
    Vamos conversando...

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